Os projetos de lei apresentados pelo deputado Elizeu Nascimento (PL) e pelo vereador Rodrigo Arruda e Sá (PSDB) mostram a face perversa do autoritarismo que tenta impor aos outros sua visão de mundo, por meio do estado, se utilizando das crianças como instrumento para proselitismo político e religioso. Cabe aqui um exercício para tentar ilustrar o que significa, na prática, esses abusos contra a liberdade e às famílias, colocando os valores dos parlamentares em perspectiva. Elizeu, por exemplo, fez carreira na Polícia Militar: será que ele acharia justo algum deputado antimilitarista querer impor sua própria agenda a todas as crianças de Mato Grosso criando uma lei que proíba a presença de crianças em paradas/ desfiles/ eventos militares? Onde ficaria o direito dos pais que querem ter o direito de escolher criar seus filhos com esses valores? E quanto ao caso de Rodrigo Arruda e Sá: como ele reagiria se um vereador de outra religião quisesse por força de lei obrigar todas as crianças de Cuiabá a estudarem um livro que na visão cristã seja considerado herético ou profano, tirando da família cristã o direito de escolher se seu filho deveria ou não estudar a base daquela outra doutrina religiosa? Será que se colocando na outra face da moeda os dois parlamentares entendem a gravidade do que propõem?