Os desembolsos efetuados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no acumulado janeiro/agosto deste ano atingiram o recorde de R$ 84,2 bilhões. O número se aproxima do total liberado em todo o ano passado, que foi de R$ 92,2 bilhões. O aumento registrado foi de 59%, em comparação aos oito primeiros meses do ano passado.
Para o chefe do departamento de Orçamento da Área de Planejamento do BNDES, Gabriel Visconti, o resultado confirma a retomada dos investimentos do setor produtivo, que foi mais afetado pela crise internacional, “mas também do investimento em infraestrutura, que cada vez é mais importante para o banco”.
Ele lembrou que desde o primeiro trimestre do ano, quando os números não estavam tão positivos, o BNDES já sinalizava para uma reversão da crise em prazo mais curto do que projetavam alguns analistas. “Isso acabou acontecendo. O segundo trimestre foi bem melhor e o terceiro trimestre será mais consistente, demonstrando de forma mais clara, não a superação completa [da crise], mas que boa parte do período difícil de crise já foi superado”.
Os desembolsos para a indústria somaram entre janeiro e agosto deste ano R$ 42,4 bilhões. Para infraestrutura, foram destinados R$ 27,4 bilhões. Gabriel Visconti salientou que nem todas as liberações para a área de infraestrutura estão relacionadas ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Outros investimentos importantes estão sendo apoiados nessa área pelo banco, entre os quais transportes rodoviários e ferroviários. “Há uma expectativa de que a infraestrutura como um todo, este ano e no ano que vem, seja mais representativa nos desembolsos do BNDES.”
Entre janeiro e agosto, as aprovações de projetos somaram R$ 98,8 bilhões, revelando expansão de 49% em relação a igual período de 2008. Segundo Visconti, isso evidencia a disposição do empresariado de retomar os investimentos no país.
Ele acrescentou que também os enquadramentos e as consultas feitas ao banco são importantes como sinalizadores da expectativa mais positiva com relação à economia brasileira. Os enquadramentos somaram R$ 128 bilhões, com aumento de 21% ante o mesmo período do ano passado, enquanto as consultas alcançaram R$ 161,8 bilhões, mostrando incremento de 33%.
O desempenho dos últimos 12 meses encerrados em agosto deste ano também foi recorde. Os desembolsos e aprovações atingiram no período R$ 123,6 bilhões e R$ 153,9 bilhões, respectivamente, com crescimento de 53% e 40%. Para as micro e pequenas empresas, em especial, o crescimento dos desembolsos em 12 meses foi de 35%, com recursos de R$ 10,17 bilhões. O volume de operações para esse segmento econômico também evoluiu, subindo 94%. Foram registradas 162 mil operações.
Visconti atribuiu boa parte dessa performance das micro e pequenas empresas ao Cartão BNDES para compra de máquinas e equipamentos no portal do banco, via internet. Por regiões, o desempenho divulgado pelo BNDES nos últimos 12 meses revela expansão de 147% nos recursos liberados para o Nordeste e de 45% para o Norte, embora o Sudeste ainda lidere em termos de volume de recursos.
“Os crescimentos relativos das duas regiões (Norte e Nordeste) são até maiores do que o crescimento relativo dos desembolsos do banco, o que é importante, porque mostra que eles vêm aumentando a participação nos desembolsos globais do BNDES”, disse Visconti.
Boa parte desse aumento ocorre em função dos grandes projetos de infraestrutura em andamento naquelas regiões, mas incluem também projetos de investimento em indústria e no agronegócio, “que também propiciam uma melhoria nos indicadores relativos aos desembolsos nas regiões”, observou Visconti.
