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Quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Notícias | Meio Ambiente

TROCA DE EXPERIÊNCIAS

Mais de 300 mulheres indígenas de MT se reúnem em Assembleia na TI São Domingos

Foto: Larissa Silva/Rede Juruena Vivo

Mais de 300 mulheres indígenas de MT se reúnem em Assembleia na TI São Domingos
A aldeia Krehawa, situada na Terra Indígena São Domingos, do povo Karajá, foi palco da IV Assembleia das Mulheres Indígenas de Mato Grosso, organizada pelo Departamento de Mulheres da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt). Mais de 300 mulheres indígenas se reuniram para compartilhar experiências, refletir sobre desafios comuns e discutir soluções para suas comunidades e territórios, entre os dias 04 e 08 de julho.


O evento demonstrou ser um espaço crucial para a reflexão, troca de experiências e fortalecimento das lideranças femininas indígenas, destacando a urgência de ações concretas e políticas públicas que atendam às necessidades dessas mulheres e suas comunidades.

Com apoio da Operação Amazônia Nativa (OPAN), por meio do projeto Berço das Águas, patrocinado pela Petrobras, 40 indígenas do noroeste de Mato Grosso participaram do evento, representando os povos Rikbaktsa, Apiaká, Enawene Nawe, Manoki, Myky, Munduruku, Kawaiwete, Haliti-Paresi e Nambikwara, além de comunicadores populares da Rede Juruena Vivo e indigenistas da instituição.



Discussões cruciais e monitoramento territorial

A importância de realização de monitoramento territorial foi pautada quando discutiram sobre como as diversas ameaças e pressões (extração ilegal de madeira, avanço da mineração e do garimpo ilegal, construção de hidrelétricas, invasão dos territórios, expansão do agronegócio...) as impactam, sendo elas grandes protetoras de suas comunidades.

As lideranças reforçaram a urgência de políticas públicas específicas com a participação das mulheres indígenas, assim como pautas relacionadas ao associativismo, indicando como o fortalecimento das organizações pode potencializar a autonomia das mulheres do ponto de vista político e econômico.

Enfrentamento da violência

O encontro também abordou as situações de violência doméstica – moral, mental/psicológica, física e patrimonial – e a omissão de órgãos públicos diante dessas ocorrências contra mulheres indígenas.

A presidente da Fepoimt, Eliane Xunakalo, enfatizou a importância da Lei Maria da Penha e orientou as mulheres indígenas a denunciarem as violências sofridas. E também destacou a necessidade de descontruir a ideia de que tais agressões são culturais

"Muitas de nós ainda achamos que as agressões são algo cultural, mas não é. Não podemos mais ver a violência contra nossos corpos, não é cultural", ressaltou.

As participantes ainda reforçaram a necessidade de acolhimento e atendimento adequado para mulheres em situação de vulnerabilidade. Joziléia Kaingang, diretora executiva da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), destacou que várias organizações indígenas têm cobrado ações efetivas do Governo Federal.



Fortalecimento cultural e econômico

Além das discussões, a Assembleia também promoveu apresentações culturais e uma exposição de artesanato indígena. Watatakalu Yawalapiti, co-fundadora da ANMIGA, destacou a importância desses eventos para a troca de experiências e a geração de renda.

"Nesses eventos de mulheres grandes assim, ou em qualquer evento do movimento indígena, é um lugar de troca, não só com os não-indígenas que vêm e compram o artesanato, mas também a troca entre mulheres indígenas. Por isso é importante que as organizações indígenas foquem nessas mulheres, porque elas que geram renda dentro das comunidades, elas que continuam mantendo a nossa cultura"

Representação e Participação

Esta assembleia marcou a primeira participação das mulheres do povo Enawenê Nawê na Assembleia das Mulheres Indígenas, representando um marco importante na luta por direitos das mulheres indígenas do estado de Mato Grosso. A diversidade e a união destas vozes reforçam a importância do evento para a promoção de lideranças femininas e a defesa dos direitos dos povos originários.

Próximo Encontro

Ao final do evento, foi decidido que a próxima edição da Assembleia das Mulheres Indígenas de Mato Grosso será realizada no Território Indígena Japuíra, do povo Rikbaktsa. Ivaneide Hepowy, vice-presidente da Associação Indígena de Mulheres Rikbaktsa (AIMURIK), expressou suas expectativas e desejou boas-vindas às futuras participantes. "Sejam bem-vindas à nossa comunidade, ao nosso território. Faremos o máximo possível para recebê-las bem e aguardamos ansiosamente por todas vocês."

O evento culminou em um sentimento de fortalecimento e renovação entre as presentes, reafirmando a força e a resiliência das mulheres indígenas na defesa de seus direitos, territórios e culturas, e promovendo uma rede de apoio e solidariedade entre as diversas etnias de Mato Grosso.
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