Vereadores de oposição convocaram coletiva de imprensa na frente da Câmara de Cuiabá para apontar suposta proteção da Comissão de Ética ao vereador Paulo Henrique (MDB), preso pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (20), por suposta ligação com o Comando Vermelho. De acordo com os parlamentares, pedido de abertura de processo disciplinar contra o emedebista foi apresentado no dia 10 de junho, logo após a primeira fase da Operação Ragnatela, quando PH foi alvo de mandado de busca e apreensão.

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Desde então, a Comissão de Ética presidida pelo vereador Rodrigo Arruda e Sá (PSDB) não tomou uma decisão pela instauração ou não do processo que pode gerar a cassação de Paulo Henrique. A justificativa era de que havia necessidade de novos desdobramentos da investigação, uma vez que as provas não ligariam qualquer ato criminoso do emedebista.

O pedido foi assinado pelos vereadores Demilson Nogueira (PP), Dilemário Alencar (União), Maysa Leão (Republicanos), Eduardo Magalhães (Republicanos) e Rogério Varanda (PSDB), que cobraram uma medida efetiva de Rodrigo Arruda.

De acordo com os oposicionistas, caso a Comissão de Ética não adote uma medida contra PH, como o afastamento cautelar, um pedido de abertura de comissão processante será apresentado na próxima sessão, do dia 24. “Caso o presidente não tome uma decisão, vamos apresentar uma comissão processante, por meio de decreto federal, em que se vota o afastamento no plenário pela abertura. Não dá para a Câmara ficar omissa”, explicou Dilemário.

Ainda de acordo com os parlamentares, a comissão atuou de forma discrepante com outros casos que resultaram na cassação de vereadores, como de Edna Sampaio (PT). A petista perdeu o mandato em processo baseado em notícias de site da capital, que denunciaram o uso da verba indenizatória da ex-chefe de gabinete da petista. O processo ocorreu em pouco mais de 90 dias e foi repetido após a vereadora conseguir reverter a primeira cassação na Justiça Estadual.

A prisão

Preso nesta sexta-feira (20), durante a operação Pubblicare – segunda fase da Operação Ragnatela -, Paulo Henrique teve sua candidatura deferida pela Justiça. Segundo as informações da força-tarefa, dessa vez, a operação busca combater o núcleo da organização formado por agentes públicos. A suspeita é de que eles colaboravam com a facção Comando Vermelho nos crimes de lavagem de dinheiro, organizando shows e eventos em casas noturnas da capital.

O suposto grupo criminoso teria adquirido uma casa noturna em Cuiabá pelo valor de R$ 800 mil. A compra foi paga em espécie, com o lucro auferido de atividades ilícitas.

Na primeira fase da operação, em junho, Paulo teve o celular apreendido, bem como um veículo, pois foi apontado como interlocutor entre a facção criminosa e agentes públicos.  

A FICCO identificou que os criminosos contavam com o apoio de agentes públicos, responsáveis pela fiscalização e concessão de licenças para a realização dos shows, sem a documentação necessária. As investigações também apontam que o parlamentar atuava em benefício do grupo na interlocução com os agentes públicos, recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros.

Na época, de acordo com as investigações, o parlamentar receberia benefícios financeiros do grupo. Aos investigados são imputados os crimes de corrupção passiva/ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa, juntamente com membros da facção indiciados durante a operação Ragnatela.