O dia foi de perdas em todas as principais Bolsas de Valores mundiais, sem exceção da brasileira Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), na jornada desta sexta-feira. A senha para a realização dos lucros passados (a venda das ações mais caras) foi o prejuízo reportado pelo Bank of America, uma das muitas instituições financeiras dos EUA avariadas pela crise de 2008. A taxa de câmbio teve um repique, após cinco dias de baixa, mas se manteve em torno de R$ 1,70.

O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, caiu 0,75% no fechamento, aos 66.200 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,67 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em baixa de 0,67%.

O dólar comercial foi vendido por R$ 1,708, em um acréscimo de 0,47%. A taxa de risco-país marca 216 pontos, quase 4% acima da pontuação anterior.

Entre as principais notícias do dia, o gigante financeiro Bank of America reportou perdas de US$ 1 bilhão. O resultado apresentado hoje é de longe o pior entre os das grandes instituições bancárias que divulgaram seus resultados nesta semana.

E a General Eletric revelou um lucro líquido de US$ 2,49 bilhões no terceiro trimestre (US$ 0,23 por ação) ante ganhos de US$ 4,31 bilhões (US$ 0,43 por ação) um ano antes. O resultado está pouco acima das projeções dos analistas.

Ontem à noite, a IBM anunciou lucro líquido no terceiro trimestre de US$ 3,2 bilhões, ou US$ 2,40 por ação, pouco acima das projeções dos analistas (lucro de US$ 2,38 por ação). Outro gigante do setor de tecnologia de informação, o Google, comunicou lucro líquido de US$ 1,64 bilhão no terceiro trimestre, também superando as expectativas do setor financeiro.

No front doméstico, a FGV (Fundação Getulio Vargas) apontou inflação de 0,05% em outubro pela leitura do IPC-S.

Expectativas

O mercado tem na semana que vem uma nova bateria de balanços trimestrais relativos a grandes empresas dos EUA, com destaque para Apple e Microsoft. No Brasil, Net, Telemar e Usiminas são os destaques do período.

Investidores e analistas também devem repercutir na próxima semana o resultado da nova reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). Há relativo consenso de que o colegiado do Banco Central deve manter a taxa básica de juros do país em 8,75% ao ano.

"A dúvida recai sobre o modo pelo qual o COPOM pode reagir aos fatos novos desde a reunião de setembro", avalia o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves, em relatório sobre a reunião do Copom. O economista avalia que alguns desses "fatos novos" são de difícil interpretação pelos economistas, o que abre um leque de incertezas sobre a atitude do Comitê.

Entre os dados de "difícil interpretação" está o crescimento das importações chinesas (com impacto direto sobre o país), ou os números que são complicados de incorporar aos cenários econômicos, como a recente valorização do real frente ao dólar.

O economista também lembra que o mercado de juros futuros têm projetado taxas de juros mais altas para 2010. E questiona: "a curva de juros parece refletir algo mais do que inflação esperada. Algo como 'inflação preventiva'. Existe alta preventiva de Selic?"