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Sábado, 27 de julho de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Pesquisa revela dificuldade de portadores do HIV em contar para o parceiro

Quando um paciente recebe resultado positivo para o HIV que, até há alguns anos, era considerado uma sentença de morte, ele se depara com a difícil missão de informar o parceiro sexual sobre o diagnóstico. Com medo, muitos não contam. E outros buscam a ajuda de profissionais de saúde. A comunicação é essencial para impedir o avanço da Aids. A responsabilidade de médicos, enfermeiros e psicólogos nesse processo foi tema de uma pesquisa conduzida por Neide Emy Kurokawa, do Serviço Especializado em Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST/Aids) da Prefeitura de São Paulo. (ouça entrevista)


Realizado com profissionais de saúde e pacientes usuários do sistema paulistano de saúde especializado em DST e Aids, o levantamento teve o objetivo de verificar as estratégias dos profissionais de saúde na comunicação do resultado positivo para Aids aos parceiros. Embora não seja obrigatória, a medida é apontada como importante para o controle do HIV no país. “Ao contrário do Brasil, os Estados Unidos e algumas nações da África dão um prazo para o soropositivo comunicar o resultado a seus companheiros. A adoção dessa medida em nosso país será onerosa e traria, teoricamente, poucos resultados positivos”, analisa Neide.

Segundo a autora, um dos maiores problemas relatados é a reação dos parceiros. “Há casos de violência e de reações inesperadas. Por isso, é necessária uma preparação ”, avalia.

Na década de 1960, diferentemente de hoje, a vigilância em saúde visitava a casa do doente e verificava se o paciente já havia informado seus companheiros. Caso contrário, os profissionais tinham a missão de comunicar os parceiros. Infectologista do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da rodoviária do Plano Piloto, Sonia Geraldes explica que a pessoa que descobriu ser portadora de HIV precisa de um tempo para comunicar o parceiro. “Cada um tem seu momento para contar”.

Com 53 anos, Luiz Alberto*, garçom desempregado desde 2000, luta contra os efeitos devastadoras da Aids desde 1998. “Quando fiz o exame, já desconfiava que estava com a doença, pois aprontei muito no Conic e não usava preservativos com frequência”, diz Luiz, homossexual, ao lembrar que não teve paciência com a enfermeira que ficou encarregada de comunicar o resultado do exame.

Debilitado com a doença, Luiz afirma que está na segunda fase de um total de três etapas do tratamento da enfermidade oferecido pelo Ministério da Saúde. Sem condições financeiras de se sustentar, ele mora na Fraternidade Assistencial Lucas Evangelista (Fale), localizada no Recanto das Emas desde 2000. “Na época, não contei para o meu namorado que estava doente porque já desconfiava que ele também estava infectado. Nós terminamos em 2002. No ano seguinte, fiquei sabendo que ele morreu, pois não tomava os antirretrovirais”, salienta.

*Nome fictício a pedido do entrevistado
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