O ex-ministro José Dirceu (Casa Civil)disse nesta sexta-feira que as críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre suas declarações em entrevista à Folha foram infundadas. Segundo Dirceu, o importante não foi o exemplo usado pelo presidente, porque o fundamental foi o conteúdo de sua declaração: de que o sistema político-eleitoral e partidário brasileiro conduz a governos de coalizão, nem sempre programáticos ou ideológicos.

"Nem sempre as coalizões podem ser programáticas e/ou ideológicas, mesmo quando, como nesse caso de Lula e do PT, a direção e o rumo do governo são determinados pelo presidente da República e pelo partido majoritário. Daí muitas vezes as alianças de governo e no parlamento com adversários de ontem e com partidos de centro-direita", escreveu Dirceu em seu blog.

Em entrevista publicada ontem na Folha, Lula disse que Jesus Cristo teria que fazer uma coalizão com Judas se precisasse de apoio numa votação. "Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão", afirmou Lula.

A oposição e a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) criticaram as declarações de Lula. O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), por exemplo, disse que o presidente decidiu verbalizar práticas veladas do governo federal. Já o secretário-geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, disse que, apesar de Judas ser um dos discípulos de Cristo, Jesus não fazia alianças com "fariseus" --numa referência a pessoas que parecem uma coisa por fora, mas por dentro são outra.

Para Dirceu, as críticas "escondem" o mais importante que é a necessidade de realizar uma reforma política, o que a oposição tem se empenhado em se opor.

"Quem mais se opôs à reforma foi exatamente o PSDB, aliado ao PP, PTB, PR, PDT, PSB, PV e setores do PMDB. Pior são as críticas dos tucanos e pefelistas [...] que não conseguem esconder seu verdadeiro objetivo: impedir a aliança PT-PMDB e se possível conquistar a legenda peemedebista", afirmou Dirceu.