Olhar Direto

Segunda-feira, 06 de maio de 2024

Notícias | Cultura

aos leitores

Com Marinaldo Custódio, OD estreia coluna "Crônicas Contemporâneas"

A partir deste domingo (25) o Olhar Direto passa a ser engrandecido com mais uma coluna, na sessão de opinião: “Crônicas Contemporâneas”. Comandando o entrelaçar dos textos está Marinaldo Custódio, mestre em literatura brasileira. Semalmente, ele deverá presentear o leitor com belas palavras, ligadas por pertinentes observações. Quase um ressarcimento por tão duras notícias que o cotidiano oferece.


Leia abaixo, na íntegra, a estreia da coluna, a crônica primeira:


Crônicas Contemporâneas

Vai virando lugar-comum para mim a expressão acima que virou título deste texto e da qual exijo mais: quero que vire o nome da coluna que a partir deste final de semana pretendo publicar semanalmente neste Olhar Direto.

A meu ver, crônicas contemporâneas são, por exemplo, reportagens recentes dos meus novos colegas de redação Lucas Bólico e Thalita Araújo, e alguns textos que o jovem Renê Dióz tem publicado, preferencialmente aos domingos, no
Diário de Cuiabá. Ora direis, estás a ouvir estrelas, meu caro, visto que na letra fria do jornalismo os textos que eles escrevem são matérias, não chegam, portanto, a artigos, quanto mais a crônicas...

Mas, naturalmente, invisto contra os dogmas do bom jornalismo acadêmico e academicista e digo que quando o Lucas escreveu sobre os rituais e os programas (sexuais e outras curtições) que certos jovens costumam fazer em cemitérios, em especial nas noites de sexta-feira, realizou uma crônica da melhor qualidade. E pra lá de contemporânea.

Efeito parecido, embora por outros caminhos, ele e a Thalita conseguiram, a quatro mãos, ao registrar no texto “Bulixos: a tradicional cultura dos armazéns com tudo para todos”, um instantâneo raro, poético e patético da vida da cidade grande: as profissões (e as pessoas, por certo) que vão passando pra ceder lugar ao novo, pois como já nos advertia Belchior “o novo sempre vem”.

Nos textos que li do Renê, um sobre a mania do cuiabano de colocar apelido em todo mundo e outro sobre as histórias de homens que se perderam na pinga e, com ela, perderam praticamente todos os referenciais sadios da existência, também acontece, a meu ver, a mesma coisa.

A favor de minha assertiva, alguns fatores a permear todos os textos: a escolha do assunto e, sobremaneira, a forma de tratar deles – com leveza, elegância, humanidade e aquela atenção básica em registrar sempre que possível as falas coloquiais, que conferem legitimidade e uma graça invencível à matéria narrada de qualquer jornalista ou escritor, visto que, conforme costumo repetir também à exaustão, todo jornalista que se preza, se já não é, deve almejar com todas as suas forças se tornar escritor um dia.

Minha coluna vem para reafirmar a eterna fé no poder da palavra, sobretudo da palavra que encanta, seduz e teima em querer um mundo bem melhor. Quero que ela traduza as alegrias e as tristezas dos simples, da gente da rua, do campo e de qualquer parte.

Para isso jamais desejo ser um Balzac que se recolhia em seu escritório, com disciplina férrea, para construir sua obra monumental. Desejo sempre e cada vez mais ser apenas e tão-somente o repórter ou o repórter-fotográfico que se coloca ali na esquina ou da janela do ônibus tem o clarão instantâneo de sua próxima matéria. Com a diferença óbvia de que, na minha escrita, ela sempre almejará ser muito mais que apenas uma matéria retratando o cotidiano. Na minha escrita, há sempre a sagrada pretensão de que elas sejam algo que eu gostaria de chamar de
crônicas contemporâneas.

Marinaldo Custódio
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet