Dono da melhor campanha do returno do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro entra em campo neste domingo, às 18h30m, contra o Fluminense, no Mineirão, em busca de mais três pontos que não apenas confirmem a sua ascensão na competição, mas que também possam valer finalmente um lugar no G-4. Do outro lado, o Tricolor chega motivado pela vitória sobre o Atlético-MG, ironicamente mais do que nunca rival da Raposa, e ainda respirando na luta contra o rebaixamento. Um confronto com clima de 'decisão', mesmo que com equipes em lados opostos da tabela.

Como o Flamengo venceu o Santos e pulou para terceiro, com 53, pontos, o time celeste agora é o sexto colocado do Brasileirão, com 51. Um tropeço de Internacional (53) ou Atlético-MG (52), que enfrentam Botafogo e Goiás, respectivamente, pode colocar os mineiros no grupo que disputará a Taça Libertadores em 2010. Já a equipe das Laranjeiras ocupa a lanterna do campeonato, com 30 pontos, a cinco do Botafogo, primeiro time fora do Z-4. Ao seu lado está o Sport, que leva vantagem no primeiro critério de desempate (sete vitórias contra seis do Tricolor). Uma derrota em Belo Horizonte deixa o Fluminense em situação ainda mais desesperadora.

Cruzeiro tem dupla de ataque de carrascos

Adilson Batista tem três desfalques para a partida, mas não há problemas para escalar a equipe. Apesar de o técnico preferir não revelar a escalação, os substitutos do atacante Thiago Ribeiro, suspenso, e dos zagueiros Cláudio Caçapa e Leonardo Silva - o primeiro sofreu um estiramento muscular na região posterior da coxa direita, e o segundo segue em tratamento para curar uma lesão na panturrilha direita. Assim, Gil, que cumpriu suspensão automática na vitória sobre o Santo André, volta à equipe e formará o miolo defensivo com Thiago Heleno, que permanece no time. Na frente, Guerrón terá a companhia de Wellington Paulista.

Curiosamente, a dupla de ataque da Raposa não traz boas recordações aos tricolores. Com a camisa do Botafogo, Wellington Paulista abriu caminho para a vitória que eliminou o Fluminense na semifinal da Taça Guanabara, primeiro turno do Campeonato Carioca, em 2008. Mas o maior pesadelo é o jogador equatoriano, que se tornou um símbolo da conquista da LDU na conquista da Taça Libertadores de 2008, calando mais 70 mil tricolores no Maracanã.

Guerrón, que vem buscando se firmar na equipe titular, não esconde o desejo de sentir novamente o gostinho de disputar o mais importante torneio sul-americano.

- Estamos trabalhando para ficar novamente entre os melhores, porque o primeiro objetivo é chegar à Libertadores. Mas isso não significa que descartamos o título. Temos de vencer todos os jogos e ver o que acontece - disse ele, surpreso ao saber que domingo a Raposa chega à marca de mil jogos em Brasileirões. - Isso é algo lindo. O Cruzeiro é uma equipe com projeção internacional, um clube que todos respeitam. E é assim que tem de ser.

Artilheiro celeste na competição, com 11 gols, Wellington Paulista retorno após três jogos afastado para tratar um estiramento muscular na panturrilha direita. Elogiado por Guerrón, que o considera um "jogador com grande capacidade de finalização", o atacante acredita que o Fluminense tem grandes chances de sofrer novamente.

- Ele tem quase as mesmas características que o Thiago, então o entrosamento não será problema - disse ele ao site oficial do Cruzeiro, lembrando quando atuaram juntos. - Contra o Náutico, ele entrou e deu um passe para eu fazer um gol. Sei como ele joga e age em campo.

Entre os relacionados, uma novidade. Athirson volta a aparecer na lista após quase três meses e é opção para o comandante. O jogador não atuava desde 9 de agosto, na vitória sobre o Coritiba por 3 a 1, pela 18ª rodada.

Reencontro no 'jogo do ano'

Nas Laranjeiras, a confiança anda de mãos dadas com a precaução. Ciente da importância de uma vitória sobre a Raposa, o Fluminense adota discurso de que vai ao Mineirão em busca da vitória, afinal, qualquer ponto perdido pode até mesmo antecipar o rebaixamento à Segunda Divisão. No entanto, não deixa de alertar para os perigos do líder do segundo turno. Principalmente para o maior deles: Jofre Guerrón. Ao menos para os tricolores.

Da fatídica decisão da Libertadores, vencida nos pênaltis pela LDU, apenas o goleiro Fernando Henrique e o meia Conca estarão em campo. Mas o trauma foi tão grande que até mesmo o jovem Dalton prega respeito ao rival.

- É um jogador muito rápido. Precisamos marcar de perto e não dar espaços - disse o zagueiro, que não tem outra opção a não ser encarar o jogo como uma "final" para o Fluminense, mas no Brasileirão. - Não tem essa de revanche.

Com a responsabilidade de fazer os gols que o time precisa para permanecer na elite do futebol nacional, Fred deu o tom da importância da partida em Belo Horizonte.

- A única certeza é que vamos sair dessa situação se vencermos o Cruzeiro, porque o torcedor vai lotar o Maracanã contra o Palmeiras - garantiu o camisa 9, que pela primeira enfrentará o clube que o projetou internacionalmente. - É o jogo mais importante do ano para o Fluminense.

Alheio à rivalidade, Cuca comemorou os dias de tranquilidade que antecederam o confronto, e nem mesmo o único desfalque, o goleiro Rafael, que recebeu o terceiro cartão amarelo, foi capaz de abalar seu otimismo. Depois de 13 partidas no banco, Fernando Henrique volta a vestir a camisa 1, e com toda a confiança do comandante.

- Ele está jogando junto. É um líder, um cara que puxa oração, motiva, cobra, reúne. É um exemplo que temos dentro do grupo - revelou o treinador.