Quem tem medo do presidente da Assembleia Legislativa (AL-MT), José Geraldo Riva? O jornalista, advogado e blogueiro
Enock Cavalcanti garante que não tem. “Só tenho medo de ter medo”, afirmou parafraseando o ex-presidente norte-americano Franklyn Roosevelt.
Enock e a economista e blogueira
Adriana Vandoni foram proibidos de emitir opiniões pessoais contra Riva, sob pena de multa de R$ 1 mil. A determinação é do juiz da 13ª Vara Civil de Cuiabá, Pedro Sakamoto. Outra determinação é de que os dois excluam as postagens já publicadas consideradas "ofensivas".
Também estão impedidos de opinar sobre o deputado os membros da ONG Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (
MCCE) Vilson Nery e Antonio Cavalcante e o integrante da ONG Moral Ademar Adams. “É um ataque judicial aos que criticam Riva”, definiu Enock.
No despacho, o magistrado pontua que o deputado estadual é uma personalidade pública e que seria atacado em sua honra e dignidade em razão do exercício, pelos réus, do direito de livre expressão e liberdade de imprensa. Consta em trecho da determinação: “contudo, devo reconhecer que, em algumas matérias, os réus extrapolaram o direito de informação e agrediram a dignidade do autor por meio de afirmação indevida da prática de crimes sobre os quais ainda não há decisão judicial irrecorrível”.
No ponto de vista do jornalista, a situação caracteriza o coronelismo político instalado em Mato Grosso. A falta de repercussão que os veículos locais deram ao caso sinaliza, para ele, a dependência econômica que a imprensa regional tem em relação aos recursos provenientes da ALMT. “A Assembleia de Mato Grosso é a única do país que faz propaganda. Anuncia na TV, nos jornais, nos sites”.
Para ele, há cumplicidade da imprensa regional na omissão de fatos negativos que envolvam Riva. “Por que a TV Centro América só falou sobre a decisão judicial contra Riva dias depois? Por que nenhum jornal deu a manchete no dia seguinte?”, indaga referindo-se à determinação judicial de setembro deste ano que afastou o deputado das funções administrativas e financeiras do cargo de presidente.
De acordo com Enock, os blogueiros irão recorrer da decisão. “Vamos recorrer por meio da tendência mais presente atualmente no Judiciário brasileiro de valorizar a ação da imprensa e reconhecer o papel de fiscalizador que ela tem”, antecipou. “Não somos heróis nem guerreiros, somos cidadãos preocupados, queremos ter liberdade para informar e formar opinião”, sintetiza.
Além do blog
Página do E, Enock é articulista e assessor de imprensa da senadora petista Serys Slhessarenko (na função de escrever os discursos). Ele já foi processado também pelo governador Blairo Maggi (PR), senador Jaime Campos (DEM), ex-governador Júlio Campos (DEM) e ex-governador Dante de Oliveira (falecido). Até o fechamento desta matéria a presidente do Sindicato de Jornalistas de Mato Grosso, Keka Werneck, não foi encontrada para posicionar-se sobre o imbróglio.