A sucessão de equívocos do maior concurso público do Brasil deve gerar um prejuízo de aproximadamente R$ 10 milhões ao erário mato-grossense. Até hoje, haviam sido gastos R$ 5 milhões e a previsão é de que o mesmo montante seja investido para a realização das novas provas. A Unemat, instituição responsável pela elaboração do concurso, vai arcar com o prejuízo.

A expectativa da entidade e da Secretaria de Administração do Estado (SAD) é de que no máximo até quarta-feira (25) seja divulgado o novo cronograma das provas. “Nossa intenção é de que as provas sejam realizadas ainda este ano e a homologação e a convocação dos novos servidores até abril (conforme prevê a legislação eleitoral) do ano que vem”, informou o secretário de Administração Geraldo de Vitto, durante coletiva realizada em seu gabinete.

De Vitto tentou eximir a responsabilidade do governo nos problemas ocorridos na aplicação da prova e, mesmo tendo direcionado a culpa do imbróglio à Unemat, afirmou que a instituição continuará à frente do novo processo seletivo. “Escolhemos a Unemat porque é um órgão do governo com credibilidade. Acredito que os erros não se repetirão”, supõe.

O reitor da Unemat, Taisir Karim, justificou o cancelamento das provas devido a um problema de logística. “Tudo estava caminhando bem. O problema ocorreu apenas em algumas unidades no momento de distribuição das provas. Todas as provas e gabaritos estavam lacrados até momentos antes da prova. Houve erro por parte dos fiscais que deveriam ter aberto os envelopes na frente dos candidatos. Cancelamos para manter lisura e transparência no processo seletivo”, justificou Karim.

Um candidato que faria a prova na Unic foi detido pela polícia tentando vender cópia do gabarito. Somam-se a este fato denúncias de inversão na entrega de questionários (provas vespertinas foram distribuídas de manhã), utilização de aparelhos eletrônicos dentro das salas de aula, atraso no fechamento de portões, aplicação da prova para o mesmo cargo em horários diferentes e até "provas saindo pela janela", na Unirondon por exemplo.

O diretor geral da Polícia Civil, José Lindomar Costa, garantiu que não há indícios de fraude ou envolvimento de servidores nos problemas relatados por candidatos. “Se houve erro, foi erro administrativo. Por enquanto não há indício de fraude, se houver será investigado”, declarou.

Indagado sobre o impacto negativo que o cancelamento das provas pode gerar na tentativa republicana de manter no poder a "turma da botina", De Vitto, desconversa: "O desgaste do cancelamento é menor do que o desgaste de um concurso suspeito", alega.

Datas e locais

O reitor da Unemat e o secretário de Administração sinalizam que a nova aplicação de exames será feita novamente de forma simultânea para todos os cargos. "Determinamos o mesmo dia de prova para que um candidato não concorra a dois cargos. Queremos que cada um escolha o cargo para o qual tem mais afinidade", justifica De Vitto.

A logística utilizada para definição dos locais de prova também não deve ser modificada. Karim explicou que por enquanto serão mantidos os critérios de cargo e ordem alfabética para a distribuição dos locais.  

Candidatos lesados

O secretário de Administração informou ainda que os candidatos que se sentiram lesados ou prejudicados pelo cancelado devem procurar a Justiça. De Vitto afirmou ainda que os inscritos pagantes que não quiserem fazer as novas provas poderão preencher um requerimento exigindo a devolução do dinheiro pago na inscrição do concurso.