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Domingo, 12 de maio de 2024

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Mato Grosso é o estado do centro-oeste que mais sofre com blecautes

Na avaliação de Fábio Garcia, presidente do Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso (Sincremat), os cortes de energia são sentidos pelas empresas locais e podem prejudicar os investimentos.


"Certamente, você ter cortes de energia, ainda que temporários, representa que não se pode ter uma confiabilidade total no sistema elétrico e isso impacta no momento de decidir entre uma ou outra região. (...) As empresas acabam tendo que gastar mais em sistemas de 'no break'", afirma Garcia.

O presidente do Sincremat destaca que o estado tem dimensões muito grandes e que foram desativadas termoelétricas que ajudavam a abastecer a região.

"Mato Grosso está pendurado na geração de hidrelétricas, nas grandes usinas de geração de energia. Isso faz com que tenham cortes de energia localizados. Para um estado com grande capacidade de crescimento, isso é bastante prejudicial."

Segundo explicou, o corte de energia sempre é prejudicial para as empresas, mesmo no caso de interrupções de curta duração. "A retomada da produção muitas vezes não é imediata e a indústria pode ainda ter prejuízo com queimas de equipamentos."

Na avaliação dele, porém, o sistema de energia do Brasil é confiável e o ideal. "Eu acho que o sistema interligado é o ideal porque consegue trazer um grande benefício, que é oferecer a energia mais barata e garantir que não haverá desabastecimento nos momentos mais secos.”

As cidades das regiões Centro-Oeste e Nordeste do país lideram o número de apagões no ano de 2009 em função de ocorrências nas linhas de transmissão de energia elétrica, de acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Foi por causa de um problema nas linhas de transmissão que 20 estados e o Distrito Federal ficaram sem energia por até sete horas no dia 10 de novembro. O governo diz que o incidente foi causado por raios que atingiram uma subestação entre São Paulo e Paraná. Três linhas de transmissão com energia que vinha de Itaipu desligaram por conta de curto-circuito.

O G1 verificou todos os boletins diários do ONS, que abordam as "ocorrências relevantes" registradas na geração ou transmissão de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN), que compreende quase 97% da produção de energia do Brasil.

As linhas de transmissão são aquelas que levam a energia das usinas até as subestações. Em seguida, linhas de distribuição enviam a energia diretamente para o consumidor. Os boletins do ONS não contabilizam as interrupções de energia por responsabilidade das distribuidoras.


Neste ano, até 22 de dezembro, foram registradas 63 ocorrências de apagão em linhas de transmissão, que causaram interrupção de energia - isso significa um apagão a cada seis dias. No Centro-Oeste foram 20 ocorrências; no Nordeste, 18; na região Norte, 13; no Sudeste, 12; e no Sul, 6 (a soma resulta em mais de 63 devido a ocorrências que atingiram mais de uma região simultaneamente).

Na maioria dos casos, a interrupção de energia ocorreu por desligamento de linhas de transmissão. As razões dos desligamentos, no entanto, não são esclarecidas na maioria dos boletins, que apenas informam que as causas estão sob investigação. Em algumas situações, chuvas e atos de vandalismo são apontados como motivos. A assessoria do ONS disse que também há casos de interrupção programada.

O G1 localizou desde interrupções de 3 MW de energia até 900 MW - sem considerar o apagão de novembro, quando houve a interrupção de 28.800 MW.

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 1 MW de energia supre a demanda, em média, de 5 mil residências no período de uma hora. Em média, os apagões duraram entre meia e uma hora - há casos, no entanto, de interrupções mais curtas, de 5 a 15 minutos.

O ONS e a Aneel foram procurados para esclarecer os motivos sobre a maior incidência das interrupções de energia no Centro-Oeste e no Nordeste. A Aneel informou que cabe ao ONS comentar sobre o tema. O ONS disse que nada falará sobre interrupção de energia até que a Aneel se pronuncie sobre o relatório do apagão de novembro, quando 20 estados e DF foram atingidos.

SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA NO PAÍS

Como funciona

O sistema de energia elétrica no país, o Sistema Interligado Nacional (SIN), é unificado desde 1999 e depende basicamente nas usinas hidrelétricas. Apenas 3,4% da produção de eletricidade é isolada em pequenos sistemas - principalmente na região da Amazônia.

Quem coordena

O SIN é coordenado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), uma entidade privada formada por empresas de geração, transmissão que opera sob fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), subordinada ao Ministério de Minas e Energia.

Vantagens

Por ser interligado é mais econômico porque todos os estados são capazes de receber energia mesmo quando as hidrelétricas mais próximas estão com nível baixo. Com o sistema integrado, os locais com mais chuva ajudam os mais secos, se for preciso. Permite ainda maior controle sobre os serviços oferecidos. Desvantagens

Como o sistema é unificado, uma falha de menor porte pode ganhar uma proporção maior e, dessa forma, derrubar a energia em efeito cascata.

Garcia diz, porém, que é preciso discutir um sistema hidrotérmico, para aliar a energia mais barata com a segurança das termoelétricas.

"A matriz energética preferencial deveria ser o gás natural. Já existem algumas termoelétricas interligadas, mas falta o funcionamento estratégico dessas termoelétricas.

O presidente do Sincremat disse que o apagão de novembro não causou prejuízos no estado.

"O estado ficou 50 minutos sem energia em alguns locais e foi algo pontual. É algo passado e não foi relevante para o Mato Grosso. O pior são as interrupções contínuas (os miniapagões)."

Sistemas de isolamento

Para o secretário-geral do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina), o engenheiro Luiz Pereira de Azevedo Filho, que atuou em Furnas, é preciso investir em sistema de isolamento de panes elétrica, para evitar que graves problemas como o de novembro se repitam.

"O nosso sistema interligado é muito bom em termos de proteção. Algumas falhas são quase que inexplicáveis. O início da falha é compreensível, mas as consequências é que são intoleráveis. (...) Os sistemas de ilhamento (isolamento das panes) devem ser melhor estudados", disse o engenheiro.

Ele destacou, por exemplo, que em 16 de dezembro, as mesmas linhas de transmissão que causaram o apagão de novembro voltaram a ser alvo de transtornos.

"Não funcionou a proteção de novo, mas, desta vez, o operador do sistema (ONS) estava atento e evitou algo maior. E, de novo, o motivo foram as tempestades, os raios", comenta Azevedo Filho, afirmando que a nova ocorrência demonstrou que o local é um ponto vulnerável dentro do sistema.

Azevedo Filho sugere que as regiões Centro-Oeste e Nordeste possam ser mais suscetíveis aos miniapagões porque estão "na ponta" do sistema e supostamente recebem menos investimentos. Mas esclareceu que é impossível fazer essa análise sem ter o conhecimento do que gerou a interrupção de energia nesses locais.

Estabilidade do sistema

Na avaliação do diretor de energia do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo (Seesp), Carlos Augusto Ramos Kirchner, engenheiro aposentado da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) e ex-funcionário da TermoRio, os miniapagões são muitas vezes necessários para garantir a estabilidade do sistema e o fornecimento da energia.

"No sistema de transmissão você tem situações de alívio de carga que às vezes provocam apagões pequenos, que servem para evitar apagões de maior proporção", diz Kirchner.

O diretor do Seesp avalia que o sistema de transmissão tem recebido investimentos e que o grande problema na interrupção de energia está nas distribuidoras.

"O problema é que uma ou outra distribuidora não faz as melhorias necessárias, sendo que elas têm obrigações para manter a qualidade do serviço."

Neste mês, a Aneel aprovou mudanças no sistema de punição às distribuidoras de energia responsáveis por interrupções de energia. A partir de 2010, as empresas não terão mais que pagar multas à Aneel e sim compensar diretamente o consumidor. As informações acima são do G1.
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