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Sábado, 27 de abril de 2024

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Federação dos bancos diz que estudo da Fiesp é absurdo

A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) contesta projeções de estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, segundo o qual o custo do spread bancário, a ser pago em dois anos, chegou a R$ 261,7 bilhões entre agosto de 2008 e setembro de 2009. “Desconheço a metodologia de cálculo, mas posso afirmar que esses números estão errados, são um absurdo”, declara o economista chefe da Febraban, Rubens Sardenberg.


O economista argumenta que o total das receitas de crédito do sistema financeiro no período de 12 meses terminado em outubro foi de R$ 242, 2 bilhões e o lucro dos bancos, de R$ 42,8 bilhões. “É absolutamente impossível que apenas o spread seja de R$ 261 bilhões. Claramente, esse número está superavaliado.”

Sardenberg admite que o spread bruto é alto no País, por causa de uma série de ineficiências da economia brasileira. “Nós temos tributação sobre intermediação financeira, que diminuiu, mas muito pouco. O Brasil tem uma inadimplência mais alta, ao contrário do que diz a Fiesp, e os custos associados também são muito altos.”

Para ele, o spread líquido, resíduo final que fica com os bancos, não é tão alto em relação a outros países, como diz a Fiesp. “Quando se fala que o spread aqui é dez vezes mais alto, o que está implícito é que os bancos ficam com 10 vezes mais do que ficam em outros lugares. Não ficam. Se fosse assim, os outros bancos viriam para o Brasil”.

Para ele, o que a Fiesp apresentou foi um número superestimado para causar impacto. “Eu não sei, mas imaginar que só a diferença do spread é igual a quase a metade do investimento, não faz sentido. Nem dizer que a diferença do spread equivale a 12% do consumo das famílias. Não faz sentido, é mais propaganda, não um estudo para discutir seriamente o problema.” Sardenberg diz ainda que há problemas no entendimento da inadimplência no spread. “Não dá para comparar a inadimplência de um mês com o peso da inadimplência no spread em função da variação desse indicador.”

O spread já voltou para o patamar em que estava antes da crise, diz ele. “Em setembro de 2008, era 26,4%. Ele subiu, depois recuou e em outubro último estava em 26%.”

A questão é que a inadimplência foi menor do que se imaginava no início da crise. “O crédito voltou a crescer, os bancos voltaram a ter uma postura mais agressiva e, com isso, houve o recuo do spread”. Esse movimento, segundo ele, é mais nítido no caso de pessoas físicas. Em setembro de 2008, o spread nessa categoria era de 38,6% e hoje é de 33,5%. Ou seja, o spread para pessoa física hoje é menor do que era antes do agravamento da crise em 2008.”

Entretanto, isso não aconteceu no caso de pessoas jurídicas. Era 14,4% em setembro de 2008 e hoje é 17,7%. “Ainda está acima, mas a gente sabe que ele está recuando mais lentamente porque houve uma situação especial de piora no segmento de pequenas e médias empresas”, afirma. “Além disso, as empresas maiores, que num primeiro momento vieram para o mercado de crédito doméstico, agora voltam ao mercado externo, e isso traz um problema de composição: as empresas que estão ficando são as menores, que pagam spread mais alto. Com isso, o spread médio se eleva”.
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