Depressão e doenças crônicas estão mais próximas do que se pode imaginar muitas vezes. Uma pesquisa publicada na edição de março do periódico científico Cadernos de Saúde Pública procurou determinar a freqüência de transtornos mentais comuns em pacientes com doenças crônicas como hipertensão, doenças do coração e diabetes. Foram investigados 1.276 adultos com 40 anos ou mais, levando em conta variáveis sociodemográficas. Os transtornos mentais comuns apresentaram uma prevalência de 30,2%, principalmente na faixa etária de 46-65 anos.

A maior incidência de distúrbios psiquiátricos foi detectada em mulheres. A situação conjugal (divorciada ou viúva), baixa escolaridade, desigualdade social e eventos de estresse ao longo da vida foram alguns dos fatores destacados. O estudo buscou destacar a importância dos médicos de outras áreas – que não a de saúde mental – atentarem para os transtornos mentais em pessoas com enfermidades crônicas, principalmente naqueles que apresentam elevado número de doenças.

De acordo com um dos autores do artigo, o psiquiatra Fábio Monteiro da Cunha Coelho, do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Comportamento da Universidade Católica de Pelotas (RS), nem sempre os profissionais de saúde dão atenção a sintomas de ansiedade e/depressão em pacientes com múltiplas doenças crônicas – que acabam sendo o foco de atenção do clínico. O estudo também mostrou associação entre a polifarmácia (administração diária de diversos medicamentos) e os transtornos mentais comuns. As interações medicamentosas podem levar a uma prevalência aumentada de sintomas de ansiedade e depressão, disse o psiquiatra.