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Sábado, 27 de abril de 2024

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Dilma já tem time neodesenvolvimentista para campanha

O time de economistas que "faz a cabeça" de Dilma Rousseff é quase o mesmo do atual governo. A diferença seria a posição e o papel dos jogadores durante a campanha e caso a ministra seja eleita ao comando da maior economia da América Latina.


A lista de interlocutores da chefe da Casa Civil dá a pista de como será desenhado seu projeto de Estado nos próximos meses. Eis o topo: Luciano Coutinho, presidente do BNDES; Fernando Pimentel (PT), ex-prefeito de Belo Horizonte; e Nelson Barbosa, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.

Adeptos do que se convencionou chamar neodesenvolvimentismo --modelo que advoga crescimento econômico, investimento público e privado com distribuição de renda--, esses interlocutores já constituem o entorno de Dilma.

Também figuram nesse núcleo o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Será ao lado deles que a pré-candidata rascunhará ao longo deste ano eleitoral sua proposta para colocar o Brasil na posição de quinta economia do mundo.

"Se eleita, a equipe de Dilma não tocará fogo no circo. Isso já está claro para todo mundo", afirmou uma pessoa do convívio da ministra.

A Reuters levantou o rol de interlocutores por meio de repetidas conversas com três ministros de Estado, quatro de seus auxiliares imediatos e outras fontes do governo. Todos falaram sob condição do anonimato.

"Esses nomes indicam a continuidade do modelo hoje em vigor, um misto de pragmatismo econômico com ativismo estatal", disse à Reuters Murillo de Aragão, presidente da consultoria Arko Advice.

"A tese neodesenvolvimentista é a tese que está vencendo... Não vejo risco à economia brasileira em nenhum desses nomes", acrescentou.

Dilma deve enfrentar nas urnas o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que tradicionalmente é identificado com a política desenvolvimentista. O tucano, que ainda não anunciou sua decisão de concorrer, está em primeiro nas pesquisas, seguido por Dilma.

PESO DO ESTADO

Segundo fontes, Dilma Rousseff flerta mais com o Estado forte do que Lula, mas no limite da credibilidade do país. O "laissez faire" liberal está, definitivamente, fora do léxico dilmista, apontam auxiliares próximos. Sua filosofia, no entanto, não prega intervenção indiscriminada do Estado, e sim algumas amarras cirúrgicas.

"Como o mercado naufragou e o Brasil deu certo, não há mais a visão de seguir à risca a orientação do mercado. O debate entre Estado versus mercado acabou--o mercado perdeu", acrescentou Aragão.

De perfil homogêneo, não há um monetarista no grupo levantado pela Reuters. Até mesmo para um Banco Central sob a batuta da ministra, a receita tenderia a apontar para alguém com "menos ranço de mercado". Talvez por essa razão, o presidente da autoridade monetária, Henrique Meirelles, esteja mais cotado a candidato a vice-presidente do que para um futuro cargo no coração da equipe econômica.

"Nenhum presidente colocará numa posição tão estratégica, como o ministério da Fazenda, por exemplo, alguém que não tenha a mesma visão de mundo que a sua", disse um auxiliar do presidente Lula.

Toda essa arquitetura, entretanto, dependerá das circunstâncias da eleição e da força do presidente a partir de janeiro de 2011. A credibilidade do país é o que vai, realmente, definir a cara e o jeito de uma eventual equipe. Quanto mais forte um governante, mais liberdade tem de montá-la.

Luciano Coutinho terá um papel robusto na elaboração do projeto de governo. Sua influência cresceu nos últimos anos e consolidou-se durante a crise. Intercede por uma política de juros bem menos conservadora que a operada hoje pelo BC, apesar de elogiar a atuação do banco durante os piores meses do ano passado. Na ocasião, foi cogitado para assumir a chefia da autoridade monetária caso Meirelles decida candidatar-se a algum cargo público. Prefere ficar à frente do BNDES até o final de 2010.

Fernando Pimentel é com quem Dilma formula. Se não concorrer ao governo de Minas, pode ter assento cativo em algum gabinete de vulto. Com visões de país bastante similares, ambos prezam os atuais fundamentos macroeconômicos, sabem que eles deram sustentabiliade ao projeto petista de poder.

Já com Mantega, as afinidades são resultado de uma contingência de governo. Um de seus principais auxiliares, Nelson Barbosa, é considerado o "cara de Dilma na Fazenda".

CONTINUIDADE

As credenciais do time que trata com Dilma política econômica dão a ideia da continuidade, já um slogan de campanha. Com visão de mundo muito próxima à da ministra, aprofundariam o trabalho iniciado no final do atual governo. O objetivo central é ampliar o investimento no setor produtivo.

Na Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva apostou na expansão do mercado interno, fortaleceu os bancos públicos (fundamentais à concessão de crédito no contexto da crise) e executou um expressivo investimento social.

Em setores estratégicos, como o de petróleo, fez pesar a mão forte do Estado. Foi Dilma quem comandou a elaboração do marco regulatório do pré-sal, conferindo à União poderes que, anos atrás, teriam tumultuado mercados financeiros.

Para o futuro, há o desejo de reformar o setor de mineração em lógica parecida com a do pré-sal. A proposta está sendo gestada agora, mas com dificuldades de sair do papel até o final deste mandato.

Ainda nas negociações sobre o programa de governo --feitas no âmbito do PT--, já se admite fazer uma nova reforma da Previdência, depois da limitada modificação patrocinada pelo governo Lula em seu primeiro ano de governo.

Além disso, cogita-se mudar o sistema de avaliação de risco pelas instituições financeiras públicas e privadas, com o objetivo de repensar as exigências aos empréstimos e estimular a oferta de crédito.
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