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Domingo, 05 de maio de 2024

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Mãe de estudante que perdeu a Fuvest no domingo fala sobre a fase do vestibular

O vestibular é uma fase da vida que deixa o estudante e toda a família com as emoções à flor da pele. Ansiedade, nervosismo, expectativa e estresse são as sensações comuns durante esse período, definem especialistas.


A reação de Denize Meira, mãe do estudante Ariel Meira Ronqui – que perdeu a prova da segunda fase da Fuvest 2010 no último domingo – ilustra o que pode acontecer quando os pais vivem essa etapa junto com os filhos. Assista ao vídeo e veja entrevista que ela concedeu ao G1.


“A explosão dessa mãe mostra o quanto o vestibular interfere na dinâmica de uma família. Com certeza foram muitos meses de sacrifícios ao longo do ano, não só financeiros. A família se prepara o ano inteiro para um único dia”, avalia a psicóloga clínica especialista em adolescentes pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Mariana Schuwartzmann.


No domingo, ao constatar que Ariel não conseguiria fazer o exame porque chegou atrasado, Denize se descontrolou na porta do local de prova, na Cidade Universitária. Muito abalada, gritou: “eu não estou acreditando que você perdeu a prova, Ariel”. O estudante confundiu o horário com outro vestibular.

“Ela sabe quanto esforço custou a ele durante o ano. O mais complicado foi ter perdido a cabeça. Mas há formas de reagir, depende da personalidade, ninguém programa isso”, comenta a psicóloga Sandra Calais, doutora em psicologia clínica da Universidade Estadual Paulista (Unesp), do campus Bauru.

18 anos
Denize conta que não ficou controlando os horários dos vestibulares que o filho prestou por acreditar que, ao completar 18 anos em 2009, seria hora de ele assumir algumas responsabilidades. Embora tenha perdido a prova da Fuvest, o estudante ainda está na disputa por vagas nos processos seletivos da Unicamp e Unesp. Ele quer cursar esportes ou educação física.

"Foram muitos sacrifícios ao longo do ano passado. Estava sempre preocupada com tudo, alimentação e horários. Na primeira metade de 2009 ele trabalhou como monitor de cursinho para conseguir bolsa. Decidimos juntos que ele pararia de trabalhar no segundo semestre para se dedicar mais aos estudos", conta Denize. "Não é uma fase fácil".

Segundo Mariana Schuwartzmann, “essa história dos 18 anos sempre dá confusão”. A psicóloga diz que ainda há muita dificuldade por parte dos jovens em administrar o tempo entre início de um trabalho, as responsabilidades com o vestibular e outras atividades. “Não dá para delegar responsabilidades ao jovem sem monitorá-lo”, avalia. Para ela, os pais devem dialogar com os filhos e oferecer ajuda. “Vale conversar e perguntar ‘filho, quanto suporte você precisa para que eu não me torne invasiva’”, exemplifica.

Sandra, da Unesp, dá mais uma dica. “Finja que não está atenta, que não é mais aquela mãe que está em cima o tempo todo”. Nas provas do vestibular, procure se informar sobre os horários da prova e os locais sem perguntar ao jovem. Um dia antes, comente sobre a hora e o lugar, e veja a reação dele, se ele tem as informações corretas.

 É um hábito de Marilena Parra da Silva, mãe da estudante Roberta Parra da Silva, de 19 anos e que disputa uma vaga no curso de física pela Fuvest. Marilena admite ser bastante ansiosa. “Estou sempre na internet, leio tudo sobre o vestibular dela”, conta. “Eles têm a cabecinha meio doida. No sábado antes da prova da Fuvest minha filha me deixou quase maluca porque não achava a foto que precisava levar. E estava tudo fechado por conta do fim de ano. E quem teve que resolver? Eu e o pai dela".

Explosão
Não há como evitar reações espontâneas, como a que Denize teve, ou fugir da expectativa. Elas variam conforme a personalidade. “Não dá para dizer aos pais que não tenham expectativas. Isso é humano, eles vão ter. Mas é crucial que exerçam o autocontrole e não joguem suas expectativas para os filhos”, afirma Sandra. “A fase já é bastante pesada para os adolescentes”.

Na opinião da especialista da Unesp, é recomendável se manter firme, não chorar por exemplo, na frente do estudante caso ele não passe ou perca a prova. Isso porque a carga de decepção com ele mesmo já é bem grande.

Se o descontrole for inevitável, a receita para fugir do clima ruim é uma boa conversa em família. “No domingo não conversamos. Ficamos um pouco arredios na segunda e ontem [quarta-feira] tivemos uma conversa. Eu percebi que gerei uma expectativa muito grande em cima dele”, admite Denize. “Ela ficou mais nervosa e chateada do que eu. Mas eu disse a ela que deixasse eu me preocupar com isso, afinal quem perdeu a prova fui eu. E a Fuvest era a minha prioridade”, conta Ariel.

Para Mariana, a atitude foi correta, afinal não existe solução sem uma boa conversa. Ainda na opinião da especialista, não se pode colocar “todos os ovos em uma cesta só”, ou seja, a situação é ruim mas não é o único vestibular, nem a única universidade. “Não acaba tudo aqui”, finaliza.
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