Sob acuação de não cumprir devidamente o contrato com o município para coleta de lixo em Cuiabá, a Qualix Serviço Ambientais garante que irá participar da licitação para continuar efetuando a coleta na capital e assegura estar cumprindo todos os itens contratuais. 

“Vamos entrar para ganhar. Temos expertise e não há nenhum impedimento legal que impeça nossa participação”, afirma Ricardo Costa, gerente regional da Qualix.

A acusação de descumprimento tinha partido do secretário de Infraestrutura, Euclides dos Santos, que chegou a anunciar, recentemente, que tentaria impedir a empresa de participar do certame. Provocado pelo Olhar Direto, o secretário recuou em suas declarações.

Quanto às acusações sobre o descumprimento dos serviços, a empresa defende-se e credita os entraves na coleta às questões de infraestrutura da cidade. Segundo Costa, as vias, principalmente neste período chuvoso, estão muito esburacadas e dificultam, ou até mesmo impedem, a passagem dos caminhões de coleta. "Mesmo assim, nossa média de coleta aumentou 30% em 2009 em comparação com 2008", assinala.

Já as ruas sem asfalto transformam-se em lamaçais. O gerente conta que, principalmente durante esta semana, os veículos tem encontrado muita dificuldade para chegar até o aterro sanitário, devido a dois grandes atoleiros que se formaram no caminho até o local.

Segundo Costa, só no mês de dezembro de 2008 houve 50 quebras de molas dos caminhões coletores, danificando a parte de suspensão dos veículos. Já em dezembro de 2009, foram 93 molas quebradas, quase o dobro, evidenciando a precariedade das ruas da cidade.

Outro ponto citado pela empresa como dificuldade para a manutenção adequada dos serviços foi o período das festas de fim de ano, no qual o volume de lixo a ser coletado quase dobrou, passando da média de 470 toneladas por dia para cerca de 700 toneladas em alguns dias.

Ricardo ressalta que os bolsões de lixo espalhados pela cidade não são de responsabilidade da empresa, mas da prefeitura. “Um dos grandes problemas de lixo na cidade hoje são os bolsões, a aglomeração de entulho. Isso, inclusive, é um espaço de proliferação da dengue”, explica.

“Queremos evidenciar o esforço da empresa em realizar a coleta de lixo. Há uma dificuldade enorme por conta de problemas estruturais da cidade, mas estamos ultrapassando, em muito, a exigência contratual”, diz Ricardo Costa.

A estrutura

A Qualix Serviços Ambientais atua em seis estados (Mato Grosso, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Sul, São Paulo e Bahia) e no Distrito Federal. Possui 7.300 funcionários e 450 equipamentos, entre caminhões de coleta e máquinas pesadas.

Em Cuiabá e Várzea Grande trabalham 300 funcionários, 30 caminhões compactadores, três caminhões-caçamba e mais seis máquinas pesadas. Dos caminhões, 14 foram trocados no mês de dezembro. Segundo Costa, foram adquiridos quatro veículos novos e o restante com um ou dois anos de uso. “Rejuvenescemos a frota”, pontua.

O gerente regional da Qualix também explica que é difícil investir em mais estrutura, já que em Cuiabá paga-se um dos menores preços do país pela tonelada de lixo, R$ 62. “É um valor irrisório, que nos dá uma margem muito estreita, sem muito espaço para enfrentar problemas, como equipamentos quebrados”.

'Entrar para ganhar'

Ricardo Costa diz que a Qualix está confiante da capacidade de ganhar a licitação que deve ser lançada em breve e continuar a efetuar coleta de lixo urbano na capital. O motivo, além da experiência de ser uma grande empresa que atua em grandes capitais do país, é o preço.

“Temos um preço acessível, por isso nos mantemos”, afirma Costa. Ele explica que na concorrência empresas de fora incluem em seus preços os valores que devem ser gastos com transporte de equipamentos, montagem de estrutura, contratação de funcionários e tudo mais que requer a instalação da empresa na cidade.

Como a Qualix já atua em Cuiabá e tem toda uma estrutura local, tem capacidade de oferecer um valor muito mais acessível pelo serviço. “Empresas de fora podem chegar a oferecer um valor até 50% mais alto, porque é necessário”, explica Costa.

Contrato emergencial e licitação

A Qualix venceu, em 1999, a licitação aberta pela Prefeitura de Cuiabá e prestou serviços de coleta de lixo até 2002, quando houve rescisão do contrato por conta de questões judiciais e suspeitas de irregularidades na prestação dos serviços. Em 2005, a empresa conseguiu retomar o contrato original, proveniente da licitação de 1999. Desde 2007 a empresa atua na capital em regime de contrato emergencial, que é renovado semestralmente.