A Campus Party não é só um lugar de entretenimento, educação e compartilhamento de experiências no mundo digital. Um dos espaços mais interessantes dessa feira tecnológica - que acontece até domingo (31) em São Paulo - é o CP Labos, onde, até o final do evento terão sido apresentados 30 projetos inovadores.

Desde a última terça-feira (26), quando começaram as apresentações, alguns projetos deixaram os jurados entusiasmados. Os melhores entre eles devem ir para a final, que será realizada no próximo sábado (30) e serão encaminhados a empresas ou órgãos públicos, para que se transformem em produtos comerciais viáveis.

Um dos projetos que mais agradaram os jurados por seu potencial foi o Pio.la, um site que reinventou o jeito de fazer conferências pela web. O projeto foi criado pelo gestor tecnológico Hernâni Aracema, que vive na Flórida e veio à Campus Paraty só para tentar encontrar investidores para seu projeto.

Por meio do Pio.la, em vez de um público que só assiste passivamente aos “heminários” (seminários pela web), todos os participantes e organizadores são encorajados a se tornar participantes ativos, explica Arena.

- Ele promove desconferências [conferências onde ninguém é o dono da discussão, todos são] de até vinte minutos, que permitem a troca de diferentes pontos de vista entre diversas culturas e países diferentes em tempo real.

Augusto Camargo é fundador do fundo de investimentos Adrenal e presidente-executivo da fábrica de software MakeSys. Ele é jurado do CP Labs desde a primeira edição. Diz que a maioria dos projetos é no estilo “professor Pardal, meio malucos”. Mas há aqueles projetos em que o criador já vem pronto para ganhar dinheiro.

Um dos projetos que mais chamaram a atenção de Camargo foi o Nuswit, um aplicativo que sintetiza voz e é capaz de fazer 6.000 ligações simultâneas individuais e personalizadas – ou um spam do bem, como ele faz questão de frisar. As ligações podem ser feitas a partir de mensagens gravadas em voz ou em texto, que é convertido automaticamente para voz. A voz do sistema é tão natural que dá risada, chora, canta e espera a pessoa falar como se fosse gente.

Alexandre Fiori, desenvolvedor do aplicativo, diz que o sistema é tão simples que não precisa de infraestrutura – basta um navegador. O Nuswit já é usado pela rede de lojas Fastshop, para fazer saber o dia e a hora em que o cliente quer receber o produto que comprou na loja. Fiori conta que o que motivou a procura pelo CP Labs é que a empresa é formada por apenas duas pessoas e precisa crescer. Ele explica que o sistema pode ser usado para diversos usos.

- Pode ser usado em projetos do governo, para avisar a população, por exemplo, de campanhas de dengue ou até para avisos de emergência, como falta d’água ou de luz.

Um candidato à final é o handphone, um aplicativo criado pela Handphone para agilizar o atendimento ao cliente. Só que em vez do atendente de telemarketing o handphone oferece um atendente de webvídeo que faz todo contato pela internet e direciona para o atendente tradicional depois que já acessou os dados do cliente. Dasvid Bianeck, desenvolvedor do handphone, diz que o aplicativo diminui muito o tempo de espera, evitando aquelas demoradas filas de espera no telemarketing.

- Basta preencher o CPF ou a o RG que o atendente já recebe a ficha de problemas do cliente. A ideia é aproximar o mundo real do virtual e tornar a comunicação mais eficaz, mais direta.

Outro projeto que encantou alguns jurados foi a ferramenta iTV Project da empresa brasiliense Intacto, um sistema que torna fácil para desenvolvedores a criação de aplicativos para a TV Digital.

Marcos Roberto Martins de Oliveira, sócio-diretor da empresa, explica que a Intacto resolveu participar do CP Labs por que precisa entrar no mercado internacional. O iTV é uma aplicação que roda no sistema de computação em nuvem, criada para democratizar e popularizar o desenvolvimento e a distribuição de aplicativos para TV digital tanto para desenvolvedores quanto para emissoras de TV e agências de comunicação.

- É uma ferramenta inovadora porque faz tudo na web e exibe o resultado na TV, além de funcionar em dois padrões de TV digital, o europeu e o nipo-brasileiro.

Segundo Edson Mackeenzy, jurado do CP Labs que ficou empolgado com o iTV Project, a maior dificuldade que muitos projetos brasileiros esbarram são as diversas barreiras burocráticas.

- Mesmo assim, a maior parte desses criadores não quer ser funcionário: quer ser dono de sua própria empresa. Eles só precisam de uma oportunidade e de orientação, que é o que a gente faz aqui.