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Segunda-feira, 20 de maio de 2024

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bebidas

Conheça a história dos drinques cubanos

Considerada por muitos anos o quintal dos Estados Unidos, a ilha de Cuba era dominada pela Máfia (que controlava seus cassinos) e, por estar bem perto da Flórida, transformou-se em endereço certo para os ricos em férias, sempre em busca do sol e do lazer com um toque latino.

Considerada por muitos anos o quintal dos Estados Unidos, a ilha de Cuba era dominada pela Máfia (que controlava seus cassinos) e, por estar bem perto da Flórida, transformou-se em endereço certo para os ricos em férias, sempre em busca do sol e do lazer com um toque latino. Mostrada dessa maneira, Cuba foi para as telas em diversos filmes, entre os quais O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972), JFK – A Pergunta Que Não Quer Calar (JFK, 1991) e até no musical Eles e Elas (Guys and Dolls, 1955), estrelado por um jovem Marlon Brando que leva à ilha uma garota do Exército da Salvação (Jean Simmons) para embebedá-la e seduzi-la. Não havia nem mesmo problemas em denunciar o local como um covil de ditadores violentos e perigosos, como se vê em Resgate de Sangue (We Were Strangers, 1949), de John Huston.


Apaixonado pelos encantos cubanos, o escritor e aventureiro Ernest Hemingway gostava de situar suas histórias nas redondezas. Muitas delas foram filmadas – Uma Aventura na Martinica, O Velho e o Mar, A Ilha do Adeus –, e todas, invariavelmente, regadas com muito rum e drinques típicos. Vários outros filmes abordaram os mistérios de Cuba. É o caso, por exemplo, do longa Nosso Homem em Havana (Our Man in Havana, 1959), de Carol Reed, baseado num livro satírico de Graham Greene para mostrar que o lugar era também um antro de espionagem. No enredo, um comerciante britânico (Alec Guinness) é enviado para observar secretamente o local. Como não tem o que relatar, inventa informações nas quais os ingleses acreditam piamente. O filme teve a má sorte de ser lançado justamente no momento em que uma revolução mudava completamente o rumo de Cuba, quando Fidel Castro e seus barbudos derrubaram a ditadura e transformaram a ilha num reduto comunista que, apesar da abertura, perdura até hoje. Como perdura também o hábito de freqüentar os bares em busca dos drinques típicos, decorados com guarda-chuvinhas, prática obrigatória de todos, sejam ou não artistas.

Muita coisa mudou desde então. Milhares tiveram de se refugiar, inclusive artistas como Desi Arnaz e Andy Garcia – que dirigiu o filme A Cidade Perdida (The Lost City, 2005), com toques nostálgicos e autobiográficos. A maior parte deles foi para Miami – uma das refugiadas foi vivida por Marisa Tomei em Tudo por um Sonho (The Perez Family, 1995). Todos, é claro, continuaram bebendo rum, Daiquiris e Mojitos. Esse hábito persistiu quando os personagens das tramas cinematográficas enveredaram pelo crime. Basta se lembrar, por exemplo, de Scarface (1983), de Brian de Palma, ou Miami Vice (2006).

Daiquiris e Mojitos também fizeram a festa no show business de Os Reis do Mambo (The Mambo Kings, 1992), no cotidiano da vida gay de South Beach, em Miami Beach, haja vista A Gaiola das Loucas (The Birdcage, 1996), e em muitos outros filmes que reconstruíram tempos não tão bons, como nos mostra Cuba (1979), de Richard Lester, ou Topázio (Topaz, 1969), do mestre Hitchcock – um relato da crise dos mísseis.

Os coquetéis figuraram, ainda, nas produções do Novo Cinema Cubano, que teve seu momento de apogeu justamente com uma fita soviética que virou cult, Eu Sou Cuba (1964), de Mikhail Kalatazov.

Entre tantos filmes que formam o caleidoscópio da alma cubana, talvez um dos mais tocantes seja o documentário de Wim Wenders, Buena Vista Social Club (1999), que, entre outros méritos, levou a música e a emoção do povo cubano para o mundo. Portanto, para quem deseja receber amigos em casa para uma noite cubana, uma boa dica é alugar o filme. O ritmo cubano e as imagens inspiradoras garantem a festa. Se faltar bebida, sempre é possível apelar para a velha receita de um antigo drinque favorito dos brasileiros nos anos 1960, o chamado Cuba Libre (mistura de rum com Coca-Cola. Mas cuidado: não cometa a infâmia de usar Coca light ou zero).

A bebida dos marinheiros e piratas, o rum deu a volta ao mundo por meio de navios em batalhas, descobrimentos e conquistas, e era consumido como se fosse água, uma vez que a justificativa era sua (suposta) eficiência para combater o escorbuto, doença que dizimava tripulações inteiras nas longas viagens. A mesma bebida rum levaram a Marinha Real Inglesa a liberar uma dose diária a todos os seus marinheiros, para prevenir o mal. Essa derterminação acabaria apenas no século XX, na década de 1970.

Outra curiosidade sobre o rum é o fato de ele ter sido a primeira bebida destilada consumida em grande escala no Velho Oeste norte-americano, ao contrário do que vemos nos filmes de caubóis, em que homens exauridos depois de longas jornadas e com muita poeira na garganta bradam por uma garrafa de uísque para os bartenders nos saloons.

Além de ingrediente para coquetéis, em Cuba o rum costuma ser consumido puro ou com gelo – strike ou a la roca, como dizem por lá. Nesses dois casos aconselha-se a beber o rum envelhecido entre cinco e sete anos.

Mais um drinque de sucesso feito à base de rum é o Havana Beach Cocktail.

Nos Copos

Nos muitos anos em que morou em Cuba, Ernest Hemingway acabou por se render ao rum, esse inebriante destilado feito de cana-de-açúcar que é base de dois drinques (Mojito e Daiquiri), hoje globalizados, e que o escritor consumia nas mesas dos bares La Floridita (Calle Monserrate, 557, esquina com Obispo) e La Bodeguita Del Medio (Empedrado, 207, La Havana Vieja).

O célebre restaurante e bar La Floridita, aberto em 1817, ficou conhecido como o templo mundial do Daiquiri. Hemingway tornou-o famoso no mundo inteiro, e até hoje o último banco do balcão do bar mantém uma corrente separando-o dos demais, pois era ali que o escritor costumava se instalar para tomar seus Daiquiris. Para homenageá-lo, uma escultura em bronze decora o lugar onde é colocado, religiosamente, nos finais de tarde, um Daiquiri para o escritor.

Daiquiri

Há dúvidas quanto à criação do Daiquiri, no início do século XX: alguns defendem que seu autor é o engenheiro norte-americano Jennings S. Cox, empregado da mina de ferro Daiquiri, em Cuba, enquanto outros afirmam que ele foi inventado pelo barman Constantine Ribalagua, do restaurante El Floridita (Havana). Segundo essa versão, ele teria feito, no copo, uma alegoria à batalha naval de Daiquiri, sugerindo que a parte branca do drinque seria a representação da espuma das ondas do mar, e a vermelha, o sangue dos combatentes.
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