Os ensaios para a edição 2010 do espetáculo “Auto da Paixão de Cristo”, evento que já faz parte do calendário artístico, cultural e religioso de Mato Grosso, iniciaram no Colégio Máster, em Cuiabá. Esta será a 4ª edição do espetáculo, que narra a trajetória de Jesus Cristo numa magnífica cidade cenográfica que lembra a Jerusalém de dois mil anos atrás.
O Auto da Paixão de 2010 tem estreia marcada para o dia 26 de março, uma semana antes da Páscoa (4/4). As apresentações vão até o dia 28 de março. Realizada sempre próximo à Semana Santa, a peça é sucesso de público, estimado em 20 mil pessoas por dia nas edições anteriores.
Este ano a produção vai contar com um elenco de 150 pessoas - 31 a mais que em 2009, dez cavalos para os soldados do rei Herodes, (no ano passado foram cinco), e algumas inovações e pequenas surpresas que o diretor Flávio Ferreira e sua equipe estão preparando.
“A cada ano aprendemos um pouco mais com os erros e buscamos aperfeiçoar no ano seguinte. Desta vez estamos refazendo algumas coreografias a fim de intensificar certas emoções, regravando várias falas, tudo para alcançarmos resultados ainda melhores”, comenta o diretor.
Na quinta-feira (11), parte dos 150 atores selecionados para participar do espetáculo deste ano fez os primeiros ensaios no colégio Máster. A partir de março os ensaios se intensificam e passam a acontecer no estacionamento do Ginásio Aecim Tocantins, sempre a partir da 18 horas. Durante a semana serão fracionados e aos sábados e domingos pela manhã, coletivos.
Mais de 500 pessoas se candidataram para a peça este ano, o que para o diretor, é mais uma prova da popularidade alcançada pelo evento. A maioria dos atores continua com seus personagens, mas também houve espaço para uma boa renovação do elenco. A seleção foi feita a partir de ampla pesquisa histórica, para assegurar a fidelidade às características da época. "Temos o cuidado de pedir, por exemplo, que os homens mantenham a barba grande em busca de mais veracidade”, destaca Ferreira.
Responsável pela trilha sonora e co-diretora do espetáculo deste ano, a fonoaudióloga Sônia Mazzetto, que no ano passado interpretou a personagem de Maria de Nazaré, diz que a mudança de alguns atores traz sempre uma nova atmosfera ao espetáculo. “Cada ano a experiência é diferente, cada ator imprime algo de si, detalhes seus ao conjunto. O fato de mudar algumas pessoas dá outra energia ao trabalho”, pondera.
Interpretando Pilatos pela terceira vez, o advogado e professor Heliodoro Nery, 61 anos, diz que a partir do segundo ano tudo fica bem mais fácil. “A peça já está montada, redonda. A maioria de nós já conhece bem o texto, e pode ajudar os que estão chegando”, diz o ator, que acumula vinte anos de palco e muitos trabalhos ao lado de Flávio Ferreira.
Sem experiência teatral anterior, o estudante Mateus Albergoni, 18 anos, “que resolveu experimentar algo novo” está entusiasmado em viver um dos criados de Herodes. “Estou gostando da experiência, é um aprendizado”.
RELIGIOSIDADE
Sempre ocupado com os detalhes técnicos das apresentações, o diretor Flávio conta que só no ano passado pôde perceber o impacto da peça na subjetividade das pessoas. “Comecei a observar a comoção que o espetáculo provoca nas pessoas que estão lá assistindo e isso é muito bonito. Por isso não posso deixar de mencionar o empenho pessoal da secretária Terezinha Maggi para nos tornarmos uma equipe unida, realizando esse trabalho de presente para a população”.
Para o ator Heliodoro, que se considera uma pessoa religiosa, há um crescimento pessoal em poder reviver essa parte significativa da história da humanidade. “Não é um espetáculo comum, mas o espetáculo da humanidade. Nunca uma pessoa foi tão humilhada e incompreendida em toda a nossa história. Precisamos mostrar o que Cristo passou por nós e aprender essa lição”.
Promovido pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência Social (Setecs), o espetáculo é patrocinado por diversas empresas e tem entrada franca.
