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Domingo, 05 de maio de 2024

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Não vai viajar neste Carnaval? Confira as dicas de DVD

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The Brothers Bloom
Sinopse: Dois irmãos se reúnem para aplicar golpes.

Comentários: Favor não confundir com outros filmes homônimos (hoje não há mais registro de títulos para evitar isso). Eu assisti a este filme há mais de um ano, num DVD de serviço, mas pelo jeito resolveram esperar para seu lançamento americano, que acabou ocorrendo apenas em 2009 e com boas críticas, que foram simpáticas com seu humor bizarro e pós-moderno.

O diretor, roteirista e montador Rian Johnson fez antes um filme menor, A Ponta de um Crime (Brick), com Joseph Gordon Levitt. O filme tem um agradecimento especial a Tom Cruise, porque ele se interessou pelo projeto e teve um longo encontro com o diretor, que, segundo este, resultou em modificações significativas em sua estrutura.

Inspirado em Golpe de Mestre, Os Picaretas (Dirty Rotten Scoundrels) e com várias referências ao grupo musical The Band, o roteiro também teria referências a Ulisses, de James Joyce, que por sua vez é sugerido pela Odisséia de Homero.

Stephen é baseado em Stephen Daedalus, que aparece em dois livros de Joyce falando de vigaristas. Bloom é baseado em Leopold Bloom, que passa por Dublin pensando em voltar para sua mulher Penélope. Perdido com o original Ulisses.

Tem ainda Bang Bang, que fala apenas três palavras (mais número de karaokê) e que foi escrito especialmente para a japonesa Rinko, que fez Babel. Para o filme, Rachel Weisz aprendeu a: tocar violino, piano, acordeon, banjo, a dançar break, lutar karatê, jogar ping pong, fazer malabarismo, praticar skateboard.

Essas referências podem se perder para o espectador comum que vai descobrir apenas uma elaborada farsa sobre aqueles que seriam os melhores vigaristas/trapaceiros do mundo, decidido a realizar um último golpe numa bela e excêntrica herdeira, durante uma viagem por lugares exóticos do mundo, como São Petersburgo, Montenegro e Praga.

No fundo, outro filme de assalto, que muda de gênero a seu bel prazer, passando de farsa à aventura, seriado, noir, com Ruffalo como o irmão mais velho e inventor das façanhas, ou seja, Stephen e Brody como o mais novo, que seria Bloom.

É Stephen que passa a filosofia amoral de que o melhor golpe é aquele em que todos conseguem o que desejam. Na trama complexa, só ele sabe o que é real e o que é fake (falso). Maximilian Schell aparece como o mentor dos irmãos, Diamond Dog, e Robbie Coltrane é um contrabandista de antiguidades.

Revelando um diretor de talento, o filme, porém, não chega a ser bem sucedido. Talvez porque seja too much (demais) para pouco resultado.

Distrito 9 **** District 9

Áudio: Ing, Esp, Port. Leg: Port, Esp, Ing, outros. Aventura. Wide. 112 min. Cor. 2009; África do Sul/Nova Zelândia. Sony. 14 anos.

Diretor: Neill Blomkamp. Elenco: Sharito Copley, Jason Cope, Nathalie Boltt, Sylvanie Strike.

Sinopse: ETs chegam à África do Sul em nave avariada e são colocados em campos de concentração, que logo se tornam favelas. É o chamado Distrito 9, proibido para humanos.

Comentários: Apesar de ter sido indicado ao Oscar de melhor filme e ter sido produzido por Peter Jackson (Senhor dos Anéis), este filme foi rejeitado pelo público brasileiro. Um erro. Foi também indicado aos Oscars de montagem, efeitos visuais e roteiro adaptado.

Parece que, originalmente, eles pensaram em fazer uma adaptação do vídeogame Halo (tem gente que diz que conserva certas semelhanças com ele), mas preferiram fazer este mockdocumentary (falso documentário) que se passa num presente alternativo, já que conta a história dos primeiros extra-terrestres, que chegaram à Terra, mais especificamente em Joannesburgo, na África do Sul.

Uma cidade tão violenta que, quando tentei visitá-la, não deixaram (agentes de viagem e empregados de hotel) e me desviaram para outro lugar, Capetown, onde só me deixavam sair com seguranças ou escolta policial.

Há vinte anos, essa nave chegou e seus passageiros foram presos e guardados em uma espécie de campo de concentração. Eles tinham o aspecto de Camarões (e eram assim chamados por sua aparência vagamente crustácea).

Não havia comunicação e, com o passar do tempo, os campos foram se deteriorando em favelas, em total miséria, o chamado Distrito 9 (na verdade, não muito diferente daquelas onde vivia a população negra na época recente do Apartheid). Até que chegou o momento de mudá-los para outro lugar, não muito melhor, provocando resistência e confusão.

Não há propriamente heróis, há um personagem central, Wikus, que é um funcionário do governo, do serviço de mudança/relocação, que acaba sendo envolvido nos problemas que surgem quando se descobre que há um grupo de ETs camarões trabalhando para retomar o comando da nave.

O filme começa como documentário, utilizando todo tipo de imagens, até de câmeras de segurança, e depois se torna mais normal, ainda que com câmera na mão e cortes abruptos. A pergunta que o filme faz é: o que nós, ditos humanos, faremos deles, os visitantes não convidados? Como integrá-los na sociedade? A série de TV Alien Nation já falava nisso, e hoje True Blood fala da assimilação dos vampiros. A solução deles é simplesmente isolá-los e deixarem se tornar viciados (em comida de gato) e violentos (os opressores nigerianos consultam bruxos e shamans, e mesmo chefe de quadrilhas tem confiança nesse ocultismo), caindo todos na miséria, que é reprimida com a maior violência. A alegoria é clara e inescapável enquanto o filme vai enveredando também pela ação e aventura, até mesmo o horror e alguns clichês (os humanos fazem tudo para descobrir os segredos das armas deles). Tudo para não cair nos excessos de didatismo, com o uso de legendas. Deve ser visto com uma movimentada aventura, aliás bem feita e intensa, com alguma coisa a dizer. E que felizmente não deixa a mensagem ser mais pesada do que a diversão.

Traz diário do diretor, a agenda alienígena, cenas excluídas e trailers.

Salve Geral **

Áud: Port . Leg: Port, Esp, Ing. Policial. Widescreen. 120 min. Cor. 2009. Brasil. Sony. 16anos.

Diretor: Sérgio Rezende. Elenco: Denise Weinberg, Andréa Beltrão, Lee Thalor, Eucir de Souza, Kiko Mascarenhas, Chris Couto.

Sinopse: Professora de piano, que deseja salvar o filho da cadeia, envolve-se com o partido durante a rebelião que parou São Paulo.

Comentários: Tem tiros que saem pela culatra. A escolha de Salve Geral como o representante brasileiro no Oscar de filme estrangeiro (antes dele ser lançado em circuito nacional) acabou provocando uma expectativa exagerada que foi contra o filme. Foi uma escolha infeliz, e o filme passou em branco, não ficando nem dentre os nove finalistas. Mas se o filme não é tudo que se esperava, também não é tão ruim quanto muitos pintaram. Talvez a maior decepção seja para o espectador de São Paulo, já que, em momento algum, conseguem passar o clima da cidade, a maneira de ser e agir, em particular naquele dia das mães quando boatos deixavam todo mundo confuso e perdido. E em pânico. Parte do problema é que a produção não conseguiu imagens reais dos telejornais, com os verdadeiros repórteres ou apresentadores (eles foram substituídos por atores neutros e imagens igualmente gerais e inofensivas). Em momento nenhum o filme é sobre o dia em que a cidade parou. Ou em que o chamado Partido (como é dito no filme) conseguiu parar a cidade de São Paulo.

Na verdade, é a história muito mal contada da personagem de Andréa Beltrão (na mesma linha que o recente Verônica), que se envolve na confusão por causa do filho. Infelizmente, o roteiro não sabe construir o personagem dela. Lucia, uma professora de piano que ficou viúva, teve que deixar sua vida de classe média e se mudar para a periferia com o rapaz. Sem dinheiro, o problema se agrava quando o filho (feito por um ator bem fraco) se envolve num racha, no qual provoca acidente e mata uma pessoa a tiros. Vai preso, mas aí já é tarde. O comportamento dele é injustificável e já o classifica na cabeça do público como caráter fraco (não há como se identificar ou torcer por ele). O mesmo erro vai ocorrer com essa heroína que irá trabalhar para uma advogada corrupta (Denise Weinberg, que se torna a figura mais marcante do filme) ligada ao partido e que começa a utilizá-la. O problema mesmo é que o público não aceita que Lucia tenha um romance imediato com o professor, que se revela o chefão de toda gangue de prisioneiros e que seja apresentado como um rapaz bonitão, musculoso e inteligente. Tudo demais. O ator também não é muito convincente, mas ter um caso sexual com o professor é difícil de engolir e inverossímil. Principalmente inadequado. Se ela ainda, no primeiro momento, tivesse pedido para salvar o filho, talvez pudesse ser perdoada. Do jeito que está, destrói o filme. Mais ainda quando ela fica com sua maleta de dinheiro, que acaba usando, inclusive, de maneira discutível.

Se a trama central não funciona, se os dois protagonistas não conquistam a plateia, nos resta assistir a um tradicional filme de prisão, com diálogos menos realistas do que similares, com cenas menos fortes e marcantes. E custa muito a chegar ao clímax tão esperado, não tem presenças ou figuras mais memoráveis. Não consegue ser o grande filme que prometia.

Tá Chovendo Hamburger **** Cloudy with a Chance of Meatballs

Áudio: Ing , Port. Leg: Port, Ing. Animação. Widescreen. 90 min. Cor. 2009. EUA. Sony. Livre.

Diretor: Phil Lord e Chris Miller. Elenco: Vozes originais de James Caan, Bill Hader, Anna Faris, Andy Samberg, Bruce Campbell, Mr. T.

Sinopse: A invenção de Flint Lockwood provoca sem querer um efeito inesperado: chove comida do céu.

Comentários: Esta animação fez inesperado sucesso mesmo sendo realizada por dois pouco conhecidos produtores; roteiristas que fizeram antes apenas séries de TV, como How I Met Your Mother e Clone High. Assistir numa sala em terceira dimensão aumenta as chances de se divertir.

O filme é baseado num famoso (por lá) livro infantil dos anos 1980, sobre o um garoto chamado Flint, que vive numa ilha do Pacífico, sobrevivendo de sardinhas, que ele enlata e vende. Quando o mercado entra em crise, resolve salvar sua ilha criando uma máquina capaz de converter água comum em qualquer tipo de comida que exista na Terra. Um mundo de fantasia, onde o pai do herói não tem olhos, só sobrancelhas, hambúrgueres caem do céu, a máquina apenas fabrica comida que as crianças gostam (como pizza, nada de verduras). Mas elas fogem de controle, criando um caos.

O filme foi produzido como um showcase para um novo software da Sony, chamado Sony digital 3D, que permite boa definição, imagem brilhante e técnica de primeira. Não espere grandes efeitos com a terceira dimensão, mas o filme é muito bem realizado, misturando imagens retrô com outras mais modernas. Bonito em cores, em matizes mas impressiona principalmente pela imaginação.

Chover comida (que literalmente cai do céu) é coisa que toda criança sonharia, e elas irão vibrar, em particular, na parte final quando vão parar dentro da tal máquina.

Bem humorado, com boa moral e excelente técnica, o resultado é uma ótima surpresa indicada para adultos e crianças. Extras: jogo, uma receita para o sucesso: making off, ingredientes principais, cenas alternativas, estendidas ou excluídas, vídeoclipe, trailers.
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