Em meio à onda de acusações contra políticos do DEM em São Paulo e no Distrito Federal, lideranças do PSDB se apressaram nesta segunda-feira em afastar o partido dos episódios que envolvem o seu principal aliado nas eleições de outubro deste ano.
Na opinião dos tucanos, as denúncias contra o governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (ex-DEM), o governador interino do DF, Paulo Octávio (DEM), e a cassação do mandato do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), não vão prejudicar a candidatura tucana em outubro --mesmo sendo o DEM o principal parceiro do PSDB em nível nacional.
"O DEM tomou atitudes, quem não tomou foi o PT, que absolveu os seus mensaleiros. Acho que a eleição tem um outro jogo que começa agora, que não é favorável à ministra Dilma [Rousseff, pré-candidata do PT]", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
Para o tucano, a decisão do juiz Aloisio Sérgio Rezende Silveira, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, de cassar o mandato de Kassab, foi eleitoreira, com o objetivo de trazer prejuízos à esperada candidatura do governador José Serra (PSDB-SP) ao Palácio do Planalto.
"O objetivo me parece que era atingir candidatura que não foi lançada, e não será lançada ainda, pelo governador de São Paulo, José Serra. Essa crise em São Paulo é artificial, factóide, não mexe com o governo [Serra]", afirmou Virgílio.
Assim como o líder, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que a cassação do mandato de Kassab e o mensalão do DEM no Distrito Federal não vão trazer impactos à candidatura tucana em outubro. "Só haveria contaminação se não houvesse uma ação vigorosa do partido [DEM]. Quando um partido age vigorosamente, elimina a hipótese da contaminação. Condenar a instituição pelos erros de alguns não é honesto", afirmou Dias.
Em referência à cassação de Kassab, Dias disse que o prefeito teve suas contas aprovadas pela Justiça Eleitoral --por isso também vê motivação política na decisão do juiz. "Creio que isso tem objetivo eleitoreiro", afirmou.
Suspensão
A Justiça Eleitoral acolheu nesta segunda-feira pedido de efeito suspensivo formulado pela defesa do prefeito de São Paulo. Com isso, a sentença de cassação está suspensa até o pronunciamento do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral) do Estado. Além de Kassab, a Justiça Eleitoral havia cassado os mandatos da vice-prefeita Alda Marco Antonio (PSDB) e de oito vereadores.
Eles tiveram o mandato cassado e se tornaram inelegíveis por três anos por supostamente receberem doações ilegais na campanha de 2008. A Lei Eleitoral proíbe que candidatos ou partidos políticos recebam doações de empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público. No caso de Kassab, seriam as construtoras que prestam serviços à Prefeitura de São Paulo.
Os vereadores cassados pelo juiz da primeira instância são: Antonio Donato (PT), Arselino Tatto (PT), Gilberto Natalini (PSDB), Italo Cardoso (PT), José Américo (PT), José Police Neto (PSDB), Juliana Cardoso (PT) e Marco Aurélio Cunha (DEM).
Distrito Federal
No DF, o governador afastado José Roberto Arruda está preso há mais de uma semana na Superintendência da Polícia Federal, acusado de tentar ocultar provas da sua participação no suposto esquema de pagamento de propina no DF.
Além de Arruda, pelo menos oito deputados distritais são acusados de participação no esquema, assim como Paulo Octávio.
Arruda chegou a ser cotado para integrar a chapa de Serra à corrida presidencial, na disputa pela vice-presidência. O governador, porém, pediu desfiliação do DEM depois que o partido ameaçou expulsá-lo.
Paulo Octávio ainda continua no partido, mas promete também apresentar pedido de desfiliação nas próximas horas --já que o DEM reúne sua executiva nacional na quarta-feira para decidir o futuro político do governador interino.
O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) vão apresentar amanhã pedido de expulsão do governador interino caso ele desista de se desfiliar do partido --conforme comunicou à cúpula da legenda na semana passada.
