O cacique Aniceto Tsudzawer’e, 82 anos, que já foi uma das maiores lideranças da etnia Xavante no Araguaia, pediu mais atenção das autoridades de Brasília em relação a saúde indígena. De acordo com o cacique a saúde indígena está mal e precisa de mais apoio. Aniceto está praticamente aposentado e tem enfrentado sérios problemas de saúde.

Ele alertou que exitem recursos em Brasília, mas muitas vezes, o dinheiro se perde no meio do caminho com gasto desnecessários e não atende como deveria a comunidade xavante. "Eu quero alertar nossas autoridades em Brasília que fiscalizem mais a aplicação dos recursos da saúde indígena porque o índio continua morrendo no meio do mato” disparou. Por muito tempo, Aniceto comandou a aldeia Nossa Senhora Guadalupe dentro da Reserva São Marcos, em Barra o Garças, travou várias batalhas pela causa indígena.

O líder xavante reclamou que a terceirização da saúde indígena através de organização não-governamentais(ONGs) consome muito dinheiro e não atende como deveria. O velho cacique criticou também o IBAMA cujo programa não inclui um política especifica para o índio, na maioria das vezes permitindo a construção de barragens dentro das áreas indígenas. Recentemente um projeto nesta magnitude foi aprovado para o leste do estado.

Na visão do cacique xavante, a política de abrir hidrelétricas perto de área indígena vai acabar com o que sobrou de caça e pesca dos índios. Mesmo com a voz fraca e com dificuldades para andar, Aniceto pediu mais empenho das novas lideranças xavantes para lutar pelo índio no Araguaia. Devido aos seus problemas de saúde, Aniceto passou o comando para o sobrinho Raimundo Uhoret’e.

Historicamente Aniceto recebeu o comando da etnia xavante em Barra do Garças do cunhado o grande cacique Apoena, no início da década de 80. Apoena morreu e legado ficou com Aniceto uma das lideranças famosas de Mato Grosso como Raoni, Juruna que se mudou e se elegeu deputado federal pelo Rio de Janeiro e o grande Aritana que virou tema de novela na extinta Tv Tupi e reside hoje na região do Xingu, junto com mais 19 etnias xinguanas.

Aniceto se emocionou ao dizer que a sua morte está perto, mas ele acredita que o povo xavante vai continuar sendo de luta em prol de um política melhor para o índio brasileiro. Recentemente ele ficou internado no hospital de Aragarças e depois foi transferido para Barra do Garças. Na manhã desta terça-feira (23), o cacique-mor da comunidade xavante recebeu alta.