A audiência pública realizada na noite desta quinta-feira (25), requerida pelo vereador Adonias Fernandes (PMDB) para que a direção do Serviço de Saneamento Ambiental de Rondonópolis (Sanear) pudesse explicar para a população sobre a falta d’água e investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi marcada por alguns momentos de tensão, vaias para ex-representante de bairro e, principalmente, pela não explicação dos responsáveis sobre diversos assuntos abordados pelos moradores.
A falta de água em diversos bairros da cidade, em alguns locais por dias seguidos, tem sido um dos motivos para o descontentamento da população com relação à administração do prefeito José Carlos do Pátio (PMDB). A insatisfação ficou ainda mais clara ontem com a presença de presidentes de bairros, que levaram as reivindicações dos moradores, além de problemas enfrentados em cada localidade.
Questionado pela reportagem do
Olhar Direto sobre a perfuração de poços, que terá o custo de quase R$ 1 milhão à prefeitura de Rondonópolis, e se essa medida seria viável ao invés de destinar o recurso para a reforma da Estação de Tratamento de Água (ETA) atual, o diretor técnico do Sanear, Júlio Goulart, afirmou que não é possível fazer a reforma neste momento. “Não tem como parar a ETA para reformar, não posso parar. Depois que terminar a ETA nova, aí sim podemos voltar e arrumar a atual”, argumentou.
Conforme prevê o plano geral das obras de saneamento do município, incluindo os investimentos do PAC, FGTS e Programa Rondonópolis Cidadão, ao término das obras os poços não precisarão ser utilizados, apenas em casos de urgência. A reportagem questionou novamente o diretor quanto ao alto custo das perfurações e a necessidade de reforma da ETA e recebeu a seguinte indagação: “Me diz você, como que eu faço?”, perguntou o engenheiro à jornalista.
O diretor respondeu também a questionamentos feitos pela reportagem sobre as bombas de captação de água do Rio Vermelho, que no início da gestão atual apresentaram diversos problemas. De acordo com ele, as bombas continuam apresentando defeitos e que uma nova empresa forneceu um novo bombeador para a realização de testes. A construção de um novo desarenador, que diminui os resíduos trazidos pelo rio, também foi apontada por técnicos como uma das soluções para a captação. No entanto, a obra só ficaria pronta entre três e seis meses.
Cidade Alta
Um dos bairros representados por seu presidente foi o Cidade Alta. O representante, conhecido por 'Velho Santana', externou sua preocupação diante dos problemas enfrentados pela população do local com a falta de água e com a má qualidade das obras de esgoto. A diretora geral do Sanear, Terezinha Silva, pediu ao presidente para resolver um problema que seria da administração pública: a liberação de uma área do bairro, que é pública e foi invadida, para a perfuração de um poço.
O morador ficou indignado com o pedido, já que entende que ele não tem “poder” para tal proposta e que a direção da autarquia deveria resolver o problema. “Eu não sou responsável por isso”, pontuou.
Sobre as obras de esgoto do Cidade Alta, o diretor técnico afirmou
que uma nova vistoria, a terceira, será feita no bairro por profissionais da autarquia para elencar os problemas deixados pela empreiteira que executou as obras, na época o Consórcio Elmo Locatelli. Segundo informações, dentro de aproximadamente nove meses, duas vistorias já foram feitas no bairro, no entanto, defeitos da obra não foram corrigidos e moradores continuam sem a ligação do esgoto, mesmo com a tubulação instalada.
Júlio Goulart reconheceu o problema e afirmou que a vistoria apresentou novas informações, como a de que alguns problemas não são da empreiteira e sim dos próprios moradores. Ele citou como exemplo um motorista que teria destruído uma caixa de inspeção de esgoto ao subir na calçada com seu veículo.
