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Sábado, 11 de maio de 2024

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Cientistas decifram a matemática do sucesso de Hollywood

Desde a invenção do cinema, há mais de um século, diretores e estúdios têm quebrado a cabeça para encontrar a melhor maneira de “prender o espectador” às histórias que se desenrolam na tela. Astros e estrelas de cachês milionários, efeitos especiais de encher os olhos, perseguições de tirar o fôlego – no campo estético, muita coisa já foi testada, com maior ou menor êxito. Faltava apelar à matemática.


Pois um estudo realizado na Universidade Cornell, nos Estados Unidos, aponta para uma espécie de “fórmula mágica” que ajudaria a mergulhar o espectador no filme. O segredo estaria em um padrão de variação conhecido como 1/f, que já foi detectado em diversos outros campos do conhecimento, da biologia à engenharia, passando pela música e as artes visuais. Na psicologia, o padrão 1/f seria usado para descrever as variações de tempos de reação humana e, por consequência, medir os níveis de atenção de uma pessoa que executa uma atividade qualquer.

Os resultados sugerem que os filmes de Hollywood se tornaram cada vez mais formados por pacotes de tomadas com durações semelhantes"

Se tal padrão aparece em tantos exemplos comprovados, por que não estaria nos filmes de Hollywood, questiona o professor James E. Cutting no artigo “Attention and the Evolution of Hollywood Film” (Atenção e a evolução dos filmes de Hollywood), publicado em fevereiro no periódico “Psychological Science”.

“Nosso objetivo como psicólogos é usar os filmes para entender melhor a mente humana. Filmes são artefatos culturais extremamente populares, e acreditamos que sua estrutura deva se conformar ao que nossos sistemas visuais e cognitivos aceitam e compreendem”, justifica Cutting em entrevista ao G1. Em outras palavras, se há um padrão que molda o ritmo da atenção humana, esse mesmo padrão também deveria – ou poderia – ditar as regras no cinema.

Para investigar a hipótese, Cutting e os pesquisadores Jordan E. DeLong e Christine E. Nothelfer se debruçaram sobre 70 anos de história do cinema – de 1935 a 2005 – e elegeram 150 filmes – dez a cada cinco anos – para tentar encontrar esse padrão.

O foco do interesse dos pesquisadores eram as tomadas, ou seja, o conjunto de fotogramas registrados a partir de um mesmo ponto de vista da câmera. “Tomadas são as menores unidades de um filme para as quais os espectadores são convidados a dirigir sua atenção”, justificam os cientistas no artigo. “A forma das tomadas é esculpida por diretores, diretores de fotografia e montadores [com] o propósito de controlar o olhar.”

Considerando que um filme tem em média 1.100 tomadas e que cada uma delas tem duração diferente, Cutting e sua equipe queriam detectar com que frequência determinadas tomadas se repetiriam ao longo da projeção. Os detalhes da análise – disponíveis aqui para consulta - são complexos demais para os não-especialistas, mas as conclusões são fáceis de entender.

“Os resultados sugerem que os filmes de Hollywood se tornaram cada vez mais formados por pacotes de tomadas com durações semelhantes”, diz o estudo. “Sequências de ação são tipicamente um conjunto de tomadas relativamente curtas, enquanto sequências de diálogos (com tomadas alternadas seguidamente entre os personagens) tendem a ser um conjunto de tomadas maiores.” A pesquisa aponta ainda que cineastas e montadores vêm “tornando as relações entre as tomadas mais coerentes ao longo dos 70 anos”.
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