Produtores de biodiesel de Mato Grosso qualificaram o 17º leilão do combustível como desastroso para todas as usinas de pequeno porte – com autorização de produzir até 100 m³/dia. O evento conduzido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), realizado nos dois primeiros dias de março, teria desrespeitado a isonomia em favor de um sistema “predatório” de concorrência, o qual beneficiou apenas as grande produtoras.

De acordo com Rodrigo Prosdócimo Pansera Guerra, da Bio Oléo Indústria e Comércio de Biocombustível Ltda, empresa produtora de biodiesel em Cuiabá, as pequenas empresas que venderam o combustível fizeram a transação sem qualquer margem de lucro, ou, em uma hipótese mais provável e pior, com prejuízo.

Para ele, “se a intenção indireta era tirar do mercado as usinas com capacidade inferior, isso poderia ter sido avisado antecipadamente, colocando necessidade mínima de capital social integralizado muito superior ao piso atual para ter acesso às vendas e não esperar todos os investimentos” para depois quebrar os pequenos produtores.

O produtor da Bio Oléo salienta o fato de as empresas que não conseguiram vender neste leilão ter de amargar três meses com 100% de capacidade ociosa, custo de funcionários parados. E, após os três meses de abastecimento negociados neste leilão, essas empresas ainda teriam futuro incerto.

Segundo Rodrigo, o motivo disso foi a possibilidades das grandes produtoras competirem com as menores por lotes pequenos de venda, utilizando-os para fazer uma média de preço e minimizando as perdas.

“As grandes capacidades puderam entrar nos lotes pequeninos, mas as usinas pequenas ficaram impossibilitadas de entrar nos lotes com volume grande. Desta forma, as usinas grandes fizeram suas vendas nos lotes grandes e usaram os lotes pequenos apenas para preencher seus volumes, pois puderam fazer média nos preços, significando absolutamente nenhuma perda financeira”, afirmou o produtor, em trecho de nota enviada ao Olhar Direto.

Ainda de acordo com o as promessas de deságio, através da mudança da ferramenta de licitação, feitas pelo Governo Federal foram inibidas, porque de fato, isso ocorreu apenas em 2% dos casos – aonde apenas as empresas pequenas podiam vender. “A isonomia, que antes era verificada na ferramenta presencial, foi brutalmente interrompida em favor de um sistema predatório”.

Rodrigo diz que a previsibilidade desse acontecimento, fez a União Brasileira dos Produtores de Biodiesel (Ubrabio) oficializa-se a preocupação junto aos órgãos responsáveis, para as providências necessárias serem tomadas, como, por exemplo, um fracionamento maior e a possibilidade de todas participarem de todos os lotes e assim evitar a tragédia para os pequenos produtores.