Olhar Direto

Sexta-feira, 03 de maio de 2024

Notícias | Cultura

Em turnê nacional, espetáculo teatral O Púcaro Búlgaro apresenta-se no Cine Teatro Cuiabá

Com quase quatro anos, a peça de teatro O Púcaro Búlgaro soma prêmios, temporadas e participações em festivais. O espetáculo é uma encenação do diretor Aderbal Freire-Filho para o texto homônimo do escritor Campos de Carvalho e traz aos palcos o gênero romance-em-cena. Atualmente em turnê por 13 cidades, das cinco regiões do Brasil, a peça tem patrocínio do Programa BR de Cultura 2009/2010 e faz duas apresentações no próximo fim de semana, no Cine Teatro Cuiabá, uma no sábado (13.02), às 20h e outra no domingo (14.02), às 19h.


O novo gênero presente na peça, o romance-em-cena, foi criado e intitulado pelo próprio Aderbal e mostra uma dramaturgia sem qualquer adaptação literária, onde os textos são levados na íntegra ao palco e lidos pelos atores com uma gramática teatral. Para o diretor, O Púcaro, assim como todos os romances-em-cena, preserva o texto original, principal característica do gênero. “O que faço é explorar ao máximo as possibilidades teatrais desse material literário. A razão é querer manter o sabor que as palavras e as descrições de personagens e lugares têm no original. Mas como não há um narrador em cena, cabe aos personagens fazer as narrações, inclusive sobre si próprios”, explica. Aderbal ainda acrescenta que, por não ter adaptações, as falas dos atores ficam na terceira pessoa. “Dessa forma, tento levar às últimas conseqüências a natureza ilusória da cena, brincando o tempo inteiro com a verdade e a mentira, com a farsa da representação”, afirma.

A história que se apóia no humor inventivo e delirante do autor Campos de Carvalho, desenrola-se a partir de um sujeito chamado Hilário, que um dia, depois de encontrar num museu da Filadélfia, um simplório púcaro búlgaro, decide fazer uma expedição para conferir com os próprios olhos se a Bulgária de fato existe. Para Aderbal, o humor presente na peça é outra característica fundamental dos romances-em-cena. “A literatura que eu gosto, as coisas que me atraem são levadas pela força do riso. A nobreza do humor, do riso é fundamental. Todos os romances-em-cena são muito divertidos”, pontua. Aderbal ainda explica que o humor é necessário pela quantidade de personagens presente no texto. “Não acredito que possa fazer um gênero como esse sem ser nesse registro do bufão, da caricatura, fica muito perto da farsa”, conclui.

Para o espetáculo, atores já familiarizados com o romance-em-cena foram convidados, como Gillray Coutinho, que participou das duas montagens anteriores, Candido Damm que fez ‘A Mulher Carioca’, outra peça do gênero, e os estreantes José Mauro Brant, Ana Barroso e Isio Ghelman que já trabalharam com o diretor em outras montagens. Todos interpretam um personagem fixo, presente ao longo da trama, além de cerca de outros dez.

O desequilíbrio e a combinação de elementos por acaso, referências dadaístas, estão presentes nos cenários, figurinos e nos quase cem adereços em cena como um enorme óculos de uma lente só. Todas essas são características do trabalho de Fernando Mello da Costa no cenário, de Biza Vianna no figurino, de Maneco Quinderé na iluminação e de Tato Taborda na música. Fernando consegue com seus adereços captar a idéia de viajar ficando no mesmo lugar e é acompanhado por Biza que unifica o elenco com seu figurino. A música de Tato entra em harmonia com o exato e o alucinatório, tudo em perfeita harmonia com a luz imaginativa de Maneco.

Esta deliciosa e bem sucedida viagem teatral de O Púcaro Búlgaro, acontece no próximo fim de semana no Cine Teatro Cuiabá. Os ingressos estarão disponíveis a partir de segunda-feira (08.03), das 14h ás 18h, na bilheteria do Cine e também nas Lojas Onng. Os ingressos custam 30 reais inteira e 15 reais meia entrada.

O Espetáculo

O Púcaro Búlgaro estreou em junho de 2006, no Teatro Poeira, no Rio de Janeiro, onde cumpriu temporada de seis meses, tornando-se um dos espetáculos mais assistidos na época e obtendo excelentes críticas da imprensa especializada. Cumpriu mais uma temporada no Rio de Janeiro, desta vez nos teatros Laura Alvin e Leblon, e outra em São Paulo, no Teatro SESC Anchieta. Em 2007 participou do 39º Festival Internacional de Londrina (FILO), no Paraná e em 2008 do Festival de Teatro de Vitória, no Espírito Santo. Também fez apresentações em Sobral e Fortaleza, a convite da Secretaria Estadual de Cultura do Ceará e em 2009 esteve no Festival Internacional de Artes Cênicas, em Montevidéu, Uruguai. O sucesso da peça rendeu indicações e prêmios como o Prêmio Eletrobrás/Rio/2006, o Prêmio de Qualidade Brasil/SP/2007 de Melhor Ator, Melhor Espetáculo e Melhor Diretor, e o Prêmio Contigo/2007 de Melhor Espetáculo/Comédia.

Mantendo a qualidade e sucesso, O Púcaro Búlgaro foi escolhido, através de edital público da Petrobras Distribuidora, como um dos espetáculos a integrar o Programa BR de Cultura 2009/2010 para apresentações em 13 cidades das cinco regiões do Brasil: Maceió, Aracaju, Recife, Teresina, Belém, Manaus, Rio Branco, Cuiabá, Goiás Velho, Goiânia, Brasília, Belo Horizonte e Curitiba.

Campos de Carvalho, o autor

Romancista, ensaísta e cronista, Campos de Carvalho, é mineiro de Uberaba, nascido em 1916. Formando em direito, escreveu sua primeira obra 'Banda Forra', em 1941, um livro de ensaios humorísticos. Seu primeiro romance, 'Tribo', só apareceu em 1954. Dez anos depois quando publicou 'O Púcaro Búlgaro', pára de escrever, ficando quase 30 anos sem obra alguma. Apesar da literatura de lado, colabora nos jornais O Estado de São Paulo e O Pasquim, entre 1960 e 1970. Sua obra reunidade é publicada somente em 1995, onde, a seu pedido são excluídas suas duas primeiras obras, e iniciando somente por 'A lua vem da Ásia'. Aposentado como procurador do Estado de São Paulo, morre em 1998, deixando um obra que trabalha elementos como a ironia, o absurdo e o humor.

Aderbal Freire-Filho, o diretor

É ator, autor e diretor de teatro, tendo criado a maioria de seus espetáculos na cidade do Rio de Janeiro. Encenou peças em Montevidéu, Uruguai, e dirigiu espetáculos em Buenos Aires, Amsterdam e Madri. Nos anos 90, convidado a dirigir um teatro público, no Rio, criou o Centro de Demolição e Construção do Espetáculo.
Alguns de seus espetáculos foram concebidos para espaços não convecionais, como 'A morte de Danton', de Buchner, para as galerias subterrâneas do metrô em construção; 'Tio Vânia', de Tchekhov, para os jardins do Parque Lage; e 'O tiro que mudou a história', espetáculo sobre o suicídio do Presidente Vargas, para o próprio palácio presidencial.

Suas pesquisas sobre o equilíbrio entre expressão dramática e expressão narrativa encontram sua síntese na trilogia de romances que encenou (1991/2003/2007): 'A mulher carioca aos 22 anos', de João Minas; 'O que diz Molero', de Dinis Machado e 'O Púcaro Búlgaro', de Campos Carvalho. Cada um deles constitui o que intitulou de romance-em-cena, uma dramaturgia sem qualquer adaptação literária.

Aderbal, já publicou livro, artigos, e também um prólogo, além de textos teatrais e narrativos. Entre seus mais de 40 espetáculos citam-se 'Hamlet', 'As Centenárias', 'A Prova', 'O Homem que viu o disco voador', 'Casa de Bonecas', 'Mão na luva', entre outros. Atualmente trabalha na encenação de 'Macbeth', de Willian Shakespeare.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet