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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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“Prefeito de Cuiabá não tem coração”, diz dona de casa

Nem a chuva e o frio que maltrataram centenas de famílias durante toda a madrugada de sábado (08.02) desarmou a grande fila formada na Rua Joaquim Murtinho na noite anterior, na expectativa de assegurar uma senha de atendimento da agencia central da Associação Matogrossense dos Transportadores Urbanos (MTU). 


Com critérios no mínimo desalentadores, muitas das senhas constavam atendimento programado, por exemplo, para a próxima sexta feira. A reportagem foi verificar a formação da grande fila às 21h00 de sexta (06.02) e retornou às 05h00 da madrugada de sábado para colher depoimentos. O que faz com centenas de crianças, jovens e adultos se flagelem desta forma? Resposta simples: a isenção do pagamento do transporte escolar.

Assegurada em lei municipal (n º 4.141 de dezembro de 2001), a gratuidade passou a ser direito de todo aquele freqüentador de sala de aula em todas as esferas sociais, períodos ou faixa etária com distancia superior a dois mil metros da residência a unidade escolar. Mas a forma de atendimento dispensada pela Prefeitura e MTU chamou a atenção da sociedade para um fato intrigante: descaso e humilhação para obtenção de um direito. 

Mesmo com expediente extra (no sábado) com distribuição de senha para recadastramento em atendimento futuro e àqueles que conseguiram senha na sexta anterior, a medida forçada era para evitar que o furacão não entrasse em total erupção, haja vista a reação de alguns vereadores cuiabanos. Não foi o bastante. 

Centenas de famílias reclamavam que a entrega de senha estava condicionada a presença das crianças na fila. Incrível, muito incrível, pois a distribuição se iniciou a seis horas por uma fiscal que não quis se identificar se limitando a dizer que era de uma empresa contratada. “É uma cachorrada. Todo mundo aqui está irado com o prefeito (Wilson Santos)”, reagiu Maria da Glória, 61, moradora do 1º de março e na fila desde as 22 horas da noite anterior. 

Dona Maria da Gloria tomou chuva grande parte da noite para pegar uma senha de atendimento aos dois netos de 10 e 14 anos. Paulo Fernandes, 50, do Jardim Vitória indignado disse que perdeu mais de meio dia de serviço e mesmo assim não conseguiu a senha. “Vim de manha e não consegui, pois a fila estava quilométrica. Eles deviam iniciar em janeiro para evitar esse pandemônio”, sugeriu o trabalhador da construção civil que a noite estuda para finalizar o ensino médio. 

Os maus tratos da operadora do sistema de passe livre vão além do esperado. O telefone exposto na fachada 624 25 44 (sic) não atende, mesmo atualizando com mais um 3 antes do 6. A reportagem ligou várias vezes ( à partir da 07:30 conforme constava inicio de atendimento em cartaz afixado na portaria ) para falar com a gerencia na tentativa deum depoimento foram também em vão. A ligação chamava até cair e outras vezes atendiam, mas desligavam subitamente, ‘na cara’ como dizem os cuiabanos. 

“O problema é das direções das escolas’, ponderou a universitária Gleize Maria, 25. Ela explicou que exatamente neste período de matricula ou de renovação da carteirinha, os diretores estão em férias. A formanda de enfermagem disse que ainda paga meia passagem porque em Várzea Grande não tem lei similar. “O governo coloca a culpa nos estudantes porque sempre fazem as coisas na última hora, mas discordo dele e de quem achar desta forma. Eles deveriam exigir das escolas, a distribuição dos formulários no mesmo período em que a MTU começa atender”, sugere. 

A MTU disponibilizou nas escolas, desde o dia 20 de dezembro de 2008, o formulário de renovação do cadastro. Eliete Silva, 36, não escondeu o nervosismo e disparou: “Esse prefeito tão tem coração. Ele que é professor e usa o segmento para se beneficiar deveria vir aqui, mas não é época de pedir votos, por isso que os outros se danem”. 

A dona de casa informou chegar á fila as 04h00 com suas três crianças alegando ter medo de pegar uma pneumonia por conta da chuva e do frio que enfrentaram durante a madrugada. “Duvido se ele tem coragem de vir aqui”, desafia e completa: “Se eu puder, pelo que passei, nunca mais voto nesse cara”.

Dona Idalina Rosemira, 49, residente no Coxipó sugeriu que a gratuidade seja concedida apenas àqueles alunos que vão à escola: “Acho que o passe livre devia ser dado com base na frequencia dos estudantes em sala de aula, pois o que vejo é um monte de molecada usando para passear de ônibus e, muito deles, para assaltar no centro da cidade”, disse. 

As aulas se iniciam amanhã nas redes estadual e municipal. São elas, as de maior volumetria de gratuidade. Informações colhidas junto a prefeitura de um universo de 62.800 mil alunos que usufruem da gratuidade até a última sexta-feira, apenas 8.600 procuraram a MTU para requerer o passe-livre. Já das 400 escolas cadastradas, 220 renovaram os dados que comprovam que as mesmas estão ativas. 

“Acredito que a celeuma é causada por falta de vontade do prefeito que tem um secretario de educação, que por sua vez tem o poder de decretar medidas evitando este conjunto de transtornos. Se os diretores ou diretoras de escolas, que são as responsáveis por liberar o formulário, mesmo estando em férias, que se defina outro meio de garantir o direito do usuário, disse Carlos Aparecido, 35, morador do Tijucal.
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