O cantor Jean Ferrat, um artista comprometido com os ideais comunistas e considerado o último dos grandes nomes da chanson francesa, morreu neste sábado (13), informaram autoridades locais em Ardèche (sul da França), onde ele vivia.
Prolífico e discreto, Jean Ferrat, de 79 anos, compôs e interpretou 200 canções, nas quais misturava textos engajados, homenagens ao poeta e romancista Louis Aragon e declarações de amor a Ardèche, sua terra adotiva, onde vivia há muitos anos.
Nascido em 26 de dezembro de 1930, em Vaucresson (subúrbio de Paris), e registrado com o nome de Jean Tenenbaum, aos 11 anos ele perdeu o pai, imigrante russo, que foi deportado para Auschwitz. Ferrat se salvou graças a militantes comunistas, algo que ele nunca esqueceu.
Depois da Segunda Guerra mundial, abandonou os estudos para ajudar a família e conseguiu trabalho como assistente em um laboratório de química até 1954, quando começou a cantar em cabarés parisienses.
Rapidamente, Jean Ferrat decidiu interpretar letras engajadas, como Nuit et Brouillard (Noite e neblina, 1963), que fala dos horrores da deportação durante a guerra - e não executada pelas emissoras -, e Potemkin (1965), em homenagem aos marinheiros do encouraçado do mar negro, cujo motim foi o prelúdio da Revolução Russa de 1905, também proibida.
Simpatizante do Partido Comunista sem nunca ter sido membro, Ferrat tomou certa distância do regime soviético.
Assim, em sua canção Camarada denunciou a invasão russa a Praga em 1968, e em Bilan (Balanço), criticou o balanço globalmente positivo feito pelo PC francês sobre os países do leste.
O artista chegou a Antraigues em 1964, instalando-se definitivamente em 1973 neste povoado de 600 habitantes. Era casado com a cantora Christine Sèvre, falecida em 1981.