O interfone toca e a colega vem anunciar a visita: “Uma tal de Ingrid”. Myrna diminui o chuveiro, põe a cara pra fora do box do banheiro e explica: “Tava demorando... é a mãe dele”. Enquanto Myrna termina de se aprontar, Ingrid e Betina são recebidas pela amiga. As duas entram bastante ressabiadas, não imaginam como será a reação de Myrna. “Será que ela está com um freguês?”, pergunta Ingrid, baixinho. Betina a corrige: “Garota de programa tem cliente”. A expectativa termina com a chegada da dona da casa: “Dona Ingrid, que surpresa!”. Trocam beijinhos como se fossem velhas amigas, mas Myrna percebe a ansiedade nos olhares.

Quando faz as apresentações, Ingrid hesita. Não sabe como se referir e chama Myrna de “a namoradinha de Jorge”. Myrna a corrige: “Uma namoradinha ocasional”. Meio sem jeito, Ingrid
começa a explicar o motivo de sua visita, fala da fragilidade emocional de Jorge, que, recém-saído de um relacionamento sério, de repente, encontrou uma pessoa como ela.

Myrna a corta. Diz saber de toda a história e, sem ser indelicada ou sentir o menor constrangimento, traça um perfil de si mesma e de Jorge: “Somos consoladoras de homens que, por uma razão ou outra, se sentem infelizes, às vezes rejeitados... Eles então se apaixonam ou pensam que se apaixonam”. E olhando delicadamente para Ingrid, conclui: “Não se preocupe, logo ele vai se interessar outra pessoa”.


Ao ouvir isso, o rosto de Ingrid vai mudando. De repente, sua opinião sobre Myrna já é outra. “Você é mesmo uma garota muito bacana”. Mais relaxada, Ingrid ainda fica na casa dela o suficiente para escutar mais da história de Myrna – uma mulher que veio do interior de Minas, não se dá bem com a mãe, mas que trabalha para ajudar no sustendo dos pais e dos irmãos mais novos.

Ingrid sai de lá aliviada: “Gostei dela, franca, sincera... Mas que fique longe do meu filho.