A visita da senadora Marina Silva (PV-AC) a Mato Grosso deixou claro o programa de governo e as diretrizes políticas traçadas pelo Partido Verde nacional. Por mais que presidenciável negue que tenha uma candidatura monotemática, as ideias apresentadas por ela, nas diversas áreas de atuação do governo, sempre engendram um viés de cunho ambiental.

O discurso de Marina Silva gira em torno da sustentabilidade, mesmo quando o assunto é política econômica ou social. Ela elencou, em sua passagem pelo estado, como deve ser feito um trabalho sustentavelmente sociocultural, político, estético, econômico e, claro, ambiental.

Com uma retórica quase messiânica, Silva convida o interlocutor-eleitor a missão de ‘conquistar’ mais pessoas para o compromisso com o meio ambiente, o que ela chama de compromisso intergeracional.

Intergeracional porque sua campanha é baseada em propostas a longo prazo, visando o bem-estar das gerações futuras. “Não deixaremos a vida na terra para nossos filhos e netos, nós pegamos emprestado e temos como obrigação devolver a eles em igual, ou melhor, estado do que encontramos”, reflete.

Contrapondo o, sempre em voga, discurso do aceleramento econômico, Marina defende uma economia voltada para a distribuição de riquezas, aliada ao desenvolvimento tecnológico, de forma que a poluição seja ao máximo inibida. “Precisamos colocar a técnica a serviço da ética”, defende.

Marina também ataca a posição do Brasil de exportador de commodities. “Estamos vendo nossos recursos naturais indo embora sem nenhum valor agregado”, reclama.

Com a questão ambiental no centro de suas discussões, Marina enfrenta a rejeição de vários setores que temem seu governo. Enquanto esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente (2003-2008), ela comprou muitas brigas e ganhou a antipatia de grande parte dos setores produtivos. A tentativa de mudar este quadro é um desafio para ela, que quer se eleger presidente nas próximas eleições.