Empresário do setor educacional, o agora prefeito Francisco Belo Galindo pode ser considerado um homem predestinado e, mais do que isso, sortudo. Eleito deputado estadual com pouco mais de 11 mil votos em 2006, pelo sempre complicado e fragmentado PTB, Galindo enfrentará grandes desafios financeiros indigestos, uma herança do ex-prefeito Wilson Santos (PSDB), candidato ao governo do Estado nas eleições gerais de outubro.

Muitos fornecedores sofrem na pele os problemas financeiros do município, cuja arrecadação é ainda dependente dos repasses constitucionais do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) é insignificante (embora importante) na comparação com cidades de porte similar à capital mato-grossense.

Só com a empresa responsável pela coleta de lixo, a Prefeitura de Cuiabá tem uma dívida superior a R$ 10 milhões, embora haja controvérsias entre o município e a companhia. Fornecedores de porte médio e os pequenos também sofrem com atrasos nos pagamentos. Nada que não possa ser resolvido com tenacidade e determinação política.

De nada adianta lançar pacote de obras se houver ou continuar havendo insatisfação na relação comercial com os fornecedores e parceiros comerciais. Cumprir contratos e honrar a palavra empenhada em renegociações de débitos é, portanto,. essencial para a trupe de Galindo.

A exemplo de Silval Barbosa, Galindo também enfrentará problemas com o funcionalismo. Aliás, é bom que se diga, desde o final do ano passado ele já vem "lidando" com as insatisfações de médicos, enfermeiros, dentistas etc. O respeito ao servidor é essencial e vai muito além de se pagar salários em dia (o que é uma obrigação).

Contudo, o mesmo respeito deve ser dado ao contribuinte que paga em dia seus imopostos e aos fornecedores e parceiros, tão essenciais quanto o funcionalismo para fazer funcionar a máquina pública municipal. Erros do passado deve ser muito bem analisados para que não sejam repetidos e as lições históricas, num ano eleitoral, devem ser relidas à exaustão para que vícios e pecados não sejam praticados.