Foi aberto nesta quarta, dia 12, o primeiro painel do World Agricultural Forum - América Latina, com o tema O Agronegócio na América Latina: Os Próximos 40 anos. O debatedor foi Marcus Vinicius Pratini de Moraes, economista brasileiro, ex-ministro do Planejamento e ex-ministro de Agricultura. Participaram do painel o diretor geral da Avex na Argentina, Fernando Oris de Roa, e o representante do Marfrig Goup no Brasil, Mayr Bonassi.

A discussão central do painel girou em torno da necessidade de internacionalização das empresas da América Latina. Para o ex- Ministro da Agricultura Marcus Vinicius Patrini “o grande de desafio da América latina é vender. É preciso fazer marketing e nós não sabemos fazer isso”.

Pratini abriu a mesa de discussão afirmando que o mundo precisa dobrar a produção de alimentos nos próximos 40 anos e que o Brasil terá um papel fundamental para que isso aconteça. O país tem 851 milhões de hectares, mas utiliza apenas 7,5% do território para a agricultura. O economista alertou que em países europeus e nos Estados Unidos é comum destinar de 30% a 60% para a produção agrícola.

– O Brasil deve avançar bastante no setor, o que já tem ocorrido, graças à competência dos agricultores e pecuaristas brasileiros – concluiu.

Outro ponto importante tratado pelos debatedores foi a questão das barreiras impostas à exportação dos produtos da América Latina e os subsídios dados aos produtores, especialmente dos Estados Unidos e Europa. Luis Calos Guedes, ex- Ministro da Agricultura citou dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCEDE) que colocam a Europa e os EUA como um dos principais países a subsidiarem a agricultura. O ex-ministro também citou outras formas de barreiras que impedem a exportação dos produtos da América Latina:

– Afora esses subsídios, temos as cotas que vão muito além do razoável e as questões ambientais. As situações excepcionais acabam sendo generalizadas é importante que a America latina se prepare melhor para as negociações.

O ex-ministro da agricultura Luís Carlos Guedes, que também participou da abertura do painel, destacou que a América Latina tem potencial para contribuir com esse aumento de produção de alimentos nas próximas décadas. No entanto, enfatizou que será preciso vencer alguns desafios, e destacou os problemas de infraestrutura e logística, investimento em tecnologia, assistência técnica, a questão ambiental, as negociações internacionais e uma maior integração entre as políticas dos países.

Mayr Bonassi acrescentou que outro desafio para América Latina como um todo é a mão de obra, que hoje não é suficiente para atender à demanda. Para Fernando Oris de Roa, a região tem os recursos e será uma potencial provedora de alimentos.

– Temos que aproveitar esse congresso pra analisar idéias. Vocês precisam saber que os argentinos produzem outras coisas além de doce de leite – explicou.

O World Agricultural Forum ocorre pela primeira vez na América Latina. O objetivo do evento, que se estende até esta quinta, dia 13, é discutir o papel da América Latina no desafio de dobrar a produção de alimentos, fibras e combustível até 2050. Participam do evento líderes políticos, como ex-presidentes, ex-ministros, ex-senadores e representantes de grandes empresas do agronegócio brasileiro e de países como Argentina, Colômbia, Uruguai, Chile, México, Peru e Costa Rica.