Agências de inteligência indonésias desarmaram nesta sexta-feira um complô que tinha como objetivo assassinar o presidente da Indonésia e outros oficiais de alto escalão, massacrar estrangeiros em ataques semelhantes aos de Mumbai, na Índia, e declarar, através de um golpe, um Estado islâmico, revelou o general da polícia nacional Bambang Hendarso Danuri.

O anúncio chega somente semanas antes de o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, visitar o país, em junho. O chefe de Estado americano já deveria ter ido ao país no início deste ano, mas a viagem foi adiada.

Os ataques seriam executados no dia 17 de agosto, quando a Indonésia celebra sua independência. O presidente Susilo Bambang Yudhoyono e diversos outros oficiais de alto escalão estariam numa cerimônia, alvo dos atacantes.

"Eles tinham certeza de que todos os principais integrantes do governo estariam presentes no evento. O assassinato de todos os oficiais de Estado teria acelerado a transição de uma democracia para um Estado controlado pela lei islâmica, a Sharia", disse Danuri.

A Indonésia é o país de maior população muçulmana do mundo, mas mantém o direito à liberdade de comunhão religiosa em sua constituição.

Seguindo o mesmo padrão dos ataques em Mumbai, em novembro de 2008 que matou 186 pessoas, o complô incluía a tomada de diversos hoteis no centro da capital Jacarta para assassinar estrangeiros, principalmente americanos.

Os ataques incluiriam ainda alvos policiais e militares na Província de Aceh, segundo a polícia.

"Se não tivéssemos detectado [os supostos terroristas] e se o treinamento militar deles tivesse sido bem sucedido, eles teriam assassinado um grande número de estrangeiros", disse o chefe da polícia nacional.

Os detalhes foram revelados durante interrogatórios a dezenas de suspeitos que estão sendo detidos em rondas desde fevereiro, quando autoridades indonésias encontraram e desmantelaram um campo de treinamento da rede terrorista Al Qaeda na Província de Aceh.

Para especialistas em terrorismo uma mudança no estilo de ataques ocorre atualmente devido às dificuldades de se obter explosivos.

"Eles estão deixando de lado o estilo de ataques suicidas com bombas e mudando para modalidades mais militares, do tipo de ataques que ocorreram em Mumbai, contra um alvo determinado, como escolas internacionais, companhias estrangeiras, escritórios diplomáticos, hoteis com muitso hóspedes estrangeiros", disse o estudioso em terrorismo Al Chaidar.

A polícia ainda encontrou uma série de armas, munições e descobriu que o grupo receberia financiamento externo para suas operações.