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Sexta-feira, 17 de maio de 2024

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Privacidade do usuário evapora para a ‘nuvem’ da internet

Foto: Divulgação

Privacidade do usuário evapora para a ‘nuvem’ da internet
“Nuvem” tem sido o termo preferido por alguns segmentos da indústria para se referir à internet. Mas essa “nuvem”, formada de servidores, processamento distribuído e “recursos sob demanda”, é também formada em grande parte por dados – dados “evaporados” da privacidade de todos os internautas. Essa evaporação se dá por meio do envio intencional de informações, mas também pela desinformação e até por erros técnicos.


Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados etc.), vá até o fim da reportagem e utilize a seção de comentários. A coluna responde perguntas deixadas por leitores todas as quartas-feiras.

Os sites mais populares recordam seus dados
A Alexa mantém um ranking com os sites mais populares da web. Em primeiro lugar, aparece o Google. Em segundo, o Facebook. Em outras palavras, o Facebook não é apenas a maior rede social do mundo, com seus 500 milhões de usuário. É também o segundo site mais visitado de toda a rede. Mas a popularidade das redes sociais não acaba por aí. Em terceiro lugar está o YouTube. Em 11º, o Twitter.

Esses dados são do ranking global. No Brasil, não é muito diferente. Em primeiro lugar, o Google. Em segundo lugar está o Orkut, a rede social mais popular no Brasil. O YouTube está em 5º, o Facebook, em 15º e o Twitter em 17º.

Outros sites abastecidos por usuários também aparecem bem no ranking. Sites como o Blogger, o WordPress, o Badoo e o 4shared estão todos em boas posições no ranking (9º, 19º, 46º e 18º, respectivamente, no ranking do Brasil).

Isso significa que muitos dos sites mais populares da rede são hoje escritos e lidos por internautas. Isso significa que as pessoas estão consumindo aquilo que outras pessoas colocaram na rede. O problema não é que isso acontece. O problema é que existe informação abundante o suficiente para tornar esses sites tão populares.

Quem pode acessar a informação
O que acontece com uma foto quando você a envia para a internet? Com os recados que escreve? Com as solicitações de amigo enviadas, aceitas e recusadas? Na “nuvem”, elas se perdem. E ficam fora do seu controle.

Como um site trata cada uma das suas informações é definido na “política de privacidade”. A política de privacidade do Facebook tem quase seis vezes o tamanho da original que ela tinha em 2001 e é hoje maior que a constituição original dos Estados Unidos, segundo uma reportagem do New York Times. São 5.800 palavras na política de privacidade (esta coluna, inteira, tem menos de 1.200). Para controlar quem pode ver suas informações na rede, o site oferece a seus participantes nada menos que 50 configurações, com um total de 170 opções.

Isso no maior site de rede social do mundo.

A confusão não é por menos. Houve uma mudança de política de privacidade, a criação de uma nova tecnologia de compartilhamento de dados e denúncias a respeito de como o Facebook lida com os dados do usuário.

O site decidiu trocar as configurações padrão de privacidade. Ao invés de ocultar as informações e solicitar permissão para compartilhar, o site decidiu compartilhar as informações, fotos e outros dados. Se o usuário quer ocultar algo, precisa procurar a configuração específica. A mudança não poupou nem o diretor-executivo e fundador do Facebook, Mark Zuckerberg. Fotos pessoais de Zuckerberg vazaram do perfil dele na sua própria rede social.

O site também lançou uma nova tecnologia, chamada Open Graph, que permite a qualquer site na web obter informações sobre suas preferências registradas no Facebook. O site pode, automaticamente, ajustar-se àquilo que você acompanha. Com isso, você pode ouvir uma música numa rádio web e marcá-la como favorita no Facebook, a partir do site da própria rádio. Quando você visitar alguma outra rádio, ela vai poder puxar os mesmos dados e oferecer a música que você gosta. Ou então, ao visitar um site de notícias, ele poderá dar mais peso para as notícias daquela banda.

Junto da controvérsia, o jornal Wall Street Jornal informou que o site teria enviado nomes de usuário para os anunciantes que tiveram seus anúncios clicados. Com isso, o anunciante tinha acesso direto a vários dados de quem interagia com as peças publicitárias. Em seus termos de privacidade, o site havia afirmado que jamais iria compartilhar essa informação. De acordo com o jornal, usuários poderiam iniciar processos judiciais contra o site.

Se o usuário não tomar cuidado com as configurações das suas redes sociais, fotos, mensagens e vídeos podem acabar ficando acessíveis publicamente.

Para Mark Zuckerberg, o criador do Facebook, a privacidade “não é mais uma norma social”. Mas senadores norte-americanos discordam. Um senador solicitou que o FTC (órgão do governo dos EUA que regulamenta as telecomunicações) crie regras para que sites sejam obrigados a dar opções fáceis de gerenciar a privacidade. Outros senadores criaram um projeto de lei para limitar o armazenamento de dados para uso em publicidade.

Erros colaboram com descontrole
Na sexta-feira (21), esta coluna divulgou um erro do Twitter que permitia ler mensagens “apagadas”. O Twitter depois informou ao G1 que o erro na verdade é outro. O site tem um problema no qual alguns tweets “somem” da página. A causa é desconhecida.

Quando o problema se manifesta, o usuário fica impossibilitado de apagar os tweets. E como eles ficam acessíveis pelos links de resposta ainda é possível que eles apareçam em mecanismos de busca, por exemplo. O usuário não consegue fazer com que seus tweets reapareçam sem entrar em contato com o suporte técnico do site. Mas e se o usuário nem souber que sofre de um problema?

Tweets de perfis “protegidos” podem acabar vazando com “retweets” inocentes, porque a maioria dos clientes de Twitter não marca pessoas que têm seus tweets protegidos, nem exibe qualquer aviso quando um usuário protegido será retwittado.

Tudo fica na mão dos usuários. Funcionaria bem se a quantidade de informação com a qual se precisa lidar não fosse tão grande. A complexidade dificulta o gerenciamento das informações dos outros também.

A “nuvem” da internet tem sido aumentada pela evaporação da privacidade. Os dados disponíveis na rede podem ser facilmente usados por golpistas e a dificuldade em controlar quem tem acesso às informações fica maior a cada dia, não só porque há diversos sites com configurações distintas para serem gerenciadas, mas porque mesmo dentro de um mesmo site já não está fácil manter o controle.

A coluna Segurança para o PC de hoje fica por aqui. Volto na quarta-feira (26) com o pacotão de respostas, que aborda questões deixadas por leitores. Lembre-se de deixar você também a sua dúvida, crítica, sugestão ou elogio na área de comentários. Até a próxima!

*Altieres Rohr é especialista em segurança de computadores e, nesta coluna, vai responder dúvidas, explicar conceitos e dar dicas e esclarecimentos sobre antivírus, firewalls, crimes virtuais, proteção de dados e outros. Ele criou e edita o Linha Defensiva, site e fórum de segurança que oferece um serviço gratuito de remoção de pragas digitais, entre outras atividades. Na coluna “Segurança para o PC”, o especialista também vai tirar dúvidas deixadas pelos leitores na seção de comentários. Acompanhe também o Twitter da coluna, na página http://twitter.com/g1seguranca.
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