Ele só queria uma maneira melhor de encontrar novas músicas. Músicas que estivessem sendo recomendadas por pessoas que nem ele, um fã, e não por um crítico ranzinza de alguma revista cultuada. Foi com essa postura, há cinco anos, que Anthony Volodkin criava o Hype Machine, uma mistura de site com rede social que agrega canções publicadas em selecionados blogs musicais do mundo inteiro.

“Assim que criei um protótipo da página, enviei e-mails para um restrito grupo de pessoas cujos trabalhos me inspiraram. Elas ficaram tão excitadas com o que fiz que começaram a escrever sobre. Daí outros blogs passaram a recomendá-lo e rapidamente ele estava nos noticiários. Tudo isso em dois dias!”, revela o nova-iorquino, de 24 anos, ao G1.

Considerada uma das 25 pessoas mais influentes da música online pela revista "Blender", Volodkin viaja pelo mundo para divulgar sua criação, que a CNN chamou de "a melhor coisa a surgir na música desde a 'Rolling Stones'". De passagem pelo Brasil, ele será sabatinado nesta quinta-feira (10) na YouPix, evento de cultura digital que acontece em São Paulo. O tema da palestra, claro, será música nos tempos da internet, um assunto que ele não cansa de responder. Até porque o Hype Machine criou um interessante plano de negócios para o mercado da música digital.

Nele, as canções são ouvidas online, por streaming. A página funciona como uma espécie de filtro, já que seleciona as mais populares e aquelas que acabaram de serem publicadas. Tudo de graça, leia-se, mas Volodkin fez acordos com a Apple, Amazon, gravadoras e artistas. Se o internauta desejar comprar a (nova) música que escutou, ótimo para ambos os lados – o criador do site ganha uma porcentagem nas vendas.


“O Hype Machine criou um novo mundo, um novo contexto musical. Muitos sites anteriormente se preocupavam apenas em dar o arquivo MP3 de graça. Com os blogs e o meu site, cada música tem agora uma história por trás, porque quem as publica na rede escreve um texto explicando o porquê”, justifica.

“É uma experiência muito mais profunda, que adiciona significados aquilo que você escuta, como se um amigo lhe desse uma canção e lhe contasse uma história pessoal por trás desse gesto.”

Capítulos de um livro
Ao contrário do que se possa imaginar, Volodkin não acredita no fim do álbum, algo já defendido por alguns artistas, que preferem soltar faixas isoladas na internet, para o download gratuito ou não. O objetivo é que o fã, depois, escolha quais gostou e monte uma pasta própria – disco, no caso.

“Álbuns continuam sendo uma ótima coleção de canções, eles representam uma narrativa coerente, são como capítulos em um livro”, compara. “Algumas músicas deveriam ser lançadas de graça, para que as pessoas tenham um ideia do som, já o resto poderia ser comprado via dowloads ou álbuns físicos. Muitas bandas independentes ganham dinheiro assim nos Estados Unidos, mas sei que isso não é fácil para grupos grandes ou médios”.

O sucesso do Hype Machine ocorre porque ele mirou em um mercado de nicho. É difícil pensar em um site parecido com o dele, disposto a fornecer todo e qualquer tipo de música que seja disponibilizada na web, legalmente ou não. Mas o nova-iorquino jura ter uma (possível) solução para a clássica pergunta “como evitar a pirataria?”

“Pergunta cheia de pegadinha essa”, ri. “Não há uma solução simples, mas uma delas envolve criar uma mídia mais acessível e efetiva, que seja igual à facilidade que é acessar material pirata hoje. As pessoas pagam pela conveniência e pela experiência. Nos Estados Unidos, isso está acontecendo hoje com o Hulu.com e os programas de TV. Isso de rastrear os passos de alguém na internet para processá-lo depois não é nada efetivo”.

YouPix - 7ª edição


Quando: 10 de junho, a partir das 19h30
Onde: Museu da Imagem e do Som - Avenida Europa, 158, São Paulo
Quanto: Entrada gratuita
Informações: www.youpix.com.br