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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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Espetáculo na Copa da África do Sul contrasta com a pobreza

Agora é oficial. A Copa do Mundo Fifa 2010 começou. A África do Sul, país anfitrião do mundial, comemora ao lado de pessoas do mundo todo o sentimento de patriotismo que assola ocasiões como esta. Com a apresentação de grupos famosos como Black Eyed Peas, mensagens de paz e alegria são passadas através de uma melodia doce e ao mesmo tempo agitada. A imagem real passada pelas câmaras de quem está vendo ao vivo o acontecimento quase faz cair no esquecimento os vestígios do apartheid e da colonização européia que ainda amargam a vida dos africanos. Quase.


O presidente do país, Jacob Zuma, e o presidente da Fifa tiveram seus momentos de glória expostos ao público. Palavras de agradecimento pela oportunidade de sediar a copa disfarçam as distorções dos verdadeiros efeitos da instalação da Copa do Mundo, principalmente em países do grupo subdesenvolvido. Mas é claro, alguém sempre sai perdendo.

No imaginário popular a Copa do mundo traz oportunidades intermináveis de emprego, desenvolvimento e destaque do país em âmbito internacional. Mas o que não é exposto ao grande público são as condições distorcidas que estes países precisam aceitar para dar um gosto de “africanismo”, “brasilidade”, entre outros patriotismos ao seu povo.

Na edição de maio da revista Piauí alguns desses itens foram expostos. Por exemplo, o país que cair na tentação de sediar a Copa do Mundo tem de aceitar todas as exigências da Fifa. Todo e qualquer material relacionado ao evento é isento de taxas alfandegária. Ou seja, além de o país ter de arcar com todas as despesas sozinho, deixa de arrecadar.

Já quanto à venda de bebida alcoólica que, ao exemplo do Brasil, é proibida em estádios ou em áreas próximas, durante a copa passa a ser permitido. E a venda deve seguir uma tabela de preço. Já esse fator gera algumas dúvidas. Se for preciso seguir essa “recomendação” de preços, todos os comerciantes locais devem ter valores pouco variáveis, o que gera uma espécie de cartel, que é proibido por lei.

Com o passar dos dias e a aproximidade do evento, o governo deve conceder a Fifa um status de "evento protegido", que funciona como uma espécia de poder de excessão. Assim, durante a copa no Brasil, a venda de bebidas próximo aos estádios será permitida. Essa legislação específica aliás, já está sendo discutida com o presidente Lula. 

Além de tudo, todo produto e toda menção feita à copa é de poder da Fifa. Assim, mesmo um camelô que quiser vender figurinhas de jogadores ou "geladinho" com nome em homenagem aos jogadores deve prestar esclarecimento e contas à instituição.

A mão de obra necessária para reformas e construções dos vários prédios erguidos durante o evento são trazidas do exterior para o país escolhido. E para a manutenção dessas pessoas, existem vários requisitos. De acordo com a Piauí, por exemplo, na África, estudantes de uma escola local foram desalojados e ficaram sem aulas para dar lugar aos que verdadeiramente constróem a Copa. Milhões gastos em prédios que possivelmente se transformarão em elefantes brancos, e não há dinheiro para construir alojamento para pedreiros, engenheiros, entre outros.

E quem achar que o objetivo da Fifa é levar desenvolvimento aos países escolhidos deve ficar de olho nas declarações da comitiva do mundial. De acordo com a publicação da Revista Piauí, há três anos uma comitiva da Fifa vistoriou os estádios da África do Sul. No país, ao avistar um dos estádios, que sem acaso nenhum, era parte de uma periferia, um dos inspetores declarou ao jornal Mail & Guardian que “os bilhões de espectadores não querem ver favelas e pobreza pela televisão”.

Ao que tudo indica, os interesses da Fifa não são totalmente compatíveis com as imagens mostradas nos tocantes clipes divulgados na abertura da Copa. A humanidade de cada um existe sim, com certeza também no seleto e rico grupo que compõe o quadro. Porém, mais que isso, a visão deslumbrada de lucro e prestígio deveriam ser o slogan da Federação Internacional de Futebol. E daqui quatro anos, é a vez dos brasileiros serem explorados.
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