Uma mulher de origem hispânica residente no Estado americano da Califórnia encontrou seus dois filhos, que estavam desaparecidos há 15 anos com a ajuda da rede de relacionamentos Facebook. A menina, então com três anos, e o menino, de dois, foram sequestrados pelo pai e ex-marido, que os levou para o México. A polícia americana reencontrou os três na Flórida e prendeu o pai, que é mexicano.
Em um raro caso bem sucedido de encontrar crianças desparecidas pela internet, Prince Sagala entrou em março desse ano no site de relacionamentos em um computador de uma livraria, e resolveu digitar o nome da filha na busca. Minutos depois, se viu trocando mensagens com ela. Entretanto, o encontro virtual não acabou nada bem. Sagala revelou de imediato que era a mãe da menina.
Prince Sagala esconde o rosto quando é encontrada por repórteres. (Foto: Damian Dovarganes/AP)Ela tinha a esperança de revelar seu lado da história. Quando mandou uma foto antiga da família para a filha, a filha a a descartou, dizendo que estava feliz com sua atual família e tinha ouvido muitas coisas ruins sobre sua mãe."Ela pensou que eu era uma estranha. Eu escrevi de volta e ela me deletou e, e, seguida, desapareceu", explicou Sagala à AP, com a voz embargada.
Autoritidades rastrearam os jovens, agora com 16 e 17 anos, e encontraram-os nos arredores de Orlando, na Flórida. O pai Faustino Fernandez Utrera, de 42 anos, foi preso no dia 26 de maio após uma série de investigações sigilosas. Ele é acusado pelos crimes de sequestro ede manter crianças sob custódia. Sagala luta agora para retomar a custódia de suas crianças antes delas completarem 18 anos. Os dois jovens se encontram atualmente na casa de um conhecido e tem uma audiência marcada para o final do mês. Eles não retomaram contato com a mãe ainda.
"Foi uma experiência muito traumática para eles. O pai, a única pessoa que eles conheceram como parente, agora está preso. Quando eles tiverem seus próprios filhos, com 25, 25 ou 27 anos, eles terão consciência do quanto a mãe deles perdeu", afirmou a detetive Debbie Camou, do condado de Montclair. "Não se pode julgá-los pelo que eles estão sentindo agora".
Segundo a detetive, Utrera e Sagala estavam em processo de divórcio em 1995, quando um dia ela chegou do trabalho e não mais encontrou sua família. Ela chegou a descobrir que o ex-marido havia voltado ao México, mas teve medo de cruzar a fronteira e tentar encontrá-los, pois alega que o ex a ameaçou. A polícia americana chegou a ser notificada do caso na época, mas o caso prescreveu.
Após Sagala revelar o encontro virtual para a polícia, eles descobriram que Utrera e os dois filhos voltaram para os EUA. Após usarem a rede para descobrir a escola e endereços dos jovens, constataram que os três viviam com outra segunda mulher, que exercia o papel de figura materna para os jovens. Quando tiveram provas suficientes contra Utrera, o prenderam quando ele se encontrava em um ponto de ônibus, para iria encontrar o caçula na saída da escola.
"O caso é triste pois, mesmo que ela tenha direito à custódia dos filhos, não é assim tão simples. A Justiça leva em conta a opinião dos jovens devido às suas idades. Se eles fossem imediatamente para a casa dela, provavelmente fugiriam em seguida". afirmou Kurt Rowley, promotor encarregado do caso.
Robert Lowery, do Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas, afirmou que casos como esse são muito raros. Segundo ele, a vida de crianças sequestradas é tão monitorada pelo parente opressor que ele raramente facilita o acesso à internet sem qualquer acompanhamento.
Sagala, no momento, tenta reconstruir sua relação com os filhos mais velhos e afirma que seus filhos nascidos de um outro casamento a ajudaram todos esses ansos a ter forças para lutar. Perguntada se mesmo assim ela sentia falta dos mais velhos, ela responde com um sorriso: "A cada dia de minha vida".