A participação de investidores estrangeiros na dívida pública federal interna voltou a subir em maio e atingiu 8,95% do total, o equivalente a R$ 133,4 bilhões, novo recorde da série histórica, que começa em 2006, segundo informações divulgadas nesta quinta-feira (24) pelo coordenador-geral de Operações da Dívida Pública da Secrertaria do Tesouro Nacional, Fernando Garrido.
O recorde anterior havia sido registrado em março deste ano, quando o percentual estava em 8,87%, ou R$ 121,5 bilhões em papéis nas mãos de investidores de outros países. Garrido avaliou que os investidores estrangeiros vêm ao Brasil por conta da "solidez da economia", uma vez que a dívida brasileira já obteve, das três maiores agências de classificação de risco (Moodys, Standard & Poors e Fitch) o chamado "investment grade" (recomendação para investimento).
Entretanto, o coordenador confirmou que o fato de o país ter os juros reais (calculados após o abatimento da inflação) altos também contribuiu para o ingresso de estrangeiros na dívida pública interna. "Temos juros reais bastante elevados, o que contribui com certeza [para a entrada de investidores de outros países]", disse ele. Ao contrário dos investidores nacionais, os estrangeiros não pagam Imposto de Renda (IR) no resgate dessas aplicações.
O Tesouro Nacional argumenta que esses investidores não representam "capital volátil", ou seja, que deixam o país em momentos de turbulências. Segundo a instituição, esses investidores não venderam os títulos brasileiros nos momentos mais agudos da crise, ou seja, após a quebra do Lehman Brothers, em setembro de 2008, ou com a crise da Grécia, mais recentemente.
De acordo com o Tesouro, as aplicações dos investidores de outros países, normalmente, são em títulos de longo prazo, ou seja, com vencimento em 20 ou 30 anos. Segundo a instituição, geralmente são fundos de pensão dos Estados Unidos e Europa, ou os fundos soberanos de outros países. "O perfil é extremamente benéfico para a administração da dívida pública", disse Garrido