Don Marinelli afirma que, como artista, conseguiu levar as artes para as ciências da computação. Durante sua palestra no Simpósio Brasileiro de Jogos e Entretenimento Digital (SBGames), o professor de teatro e artes e produtor executivo do centro de entretenimento e tecnologia do Carnegie Mellon, nos EUA. disse que os jogos ainda não são reconhecidos como formas de expressão artística por grande parte da sociedade, mas que isso pode mudar no futuro.
“A emoção conduz o uso da tecnologia”, afirmou. “Se eu dissesse para as pessoas que eu preciso usar o computador delas para processar dados, ninguém me deixaria. Agora, seu eu falar que este processamento de dados é para ajudar a encontrar vida extraterrestre, muitos me apoiarão”. Foi assim que 3 milhões de pessoas emprestaram seus PCs para o projeto do instituto Seti, nos EUA, que busca encontrar vida inteligente em outros planetas vasculhando sinais de rádio do espaço.
Desse modo, Marinelli defende que os estudantes de desenvolvimento de games, em qualquer área que seja, devem viver experiências reais. “Eu tento ensinar artes para estes alunos, para que eles sejam atores. Quero que eles sintam emoções reais como perigo, tristeza e felicidade. Somente assim eles criarão bons jogos”, conta. “Eu não procuro por um desenvolvedor de jogos, eu procuro por um artista”.
Com boa experiência de vida, Marinelli disse que os estudantes poderão criar games em diversas áreas, principalmente na educação, no entretenimento adulto e, no que ele acredita ser o próximo passo dos jogos eletrônicos, em títulos voltados para idosos. “Eu estou ficando velho e quero que vocês façam jogos para eu me divertir”.
Ele comentou também que espera que os videogames sejam reconhecidos no futuro como arte – algo como o cinema é visto atualmente, por exemplo. “Quero que os videogames tenham o mesmo impacto de ‘Hamlet’”, afirmou. “Fazer um jogo é um trabalho tão difícil, envolvendo tantos elementos de produção como um roteiro muito bem escrito e trabalhado, por exemplo, que nem os melhores roteiristas de Hollywood querem entrar nessa. Mas os desenvolvedores de games conseguirão mudar isso no futuro”.
