Estudantes, professores e população em geral poderão dar sua opinião sobre o novo sistema de vestibular unificado e sua possível implantação na Universidade Federal de Mato Grosso. Na próxima terça-feira, 05, às 8 horas, no Teatro da universidade, haverá um debate para discutir o assunto, organizado pela Associação dos Docentes da UFMT, Adufmat.

O presidente da Adufmat, professor Carlinhos Eilert, diz que a associação, teoricamente, é contra o novo sistema. “O que nós acreditamos mesmo é que esse novo vestibular precisa ser melhor discutido, ser mais claro”.

Desde que a proposta foi apresentada pelo Ministério da Educação, Mec, questões importantes foram levantadas no processo de aceitação ou rejeição. Primeiro, a questão educacional, com benefícios ou prejuízos ao conhecimento. Segundo, a questão do método de implantação, acusado por parte da comunidade acadêmica de ser falho por concentrar o diálogo na ponta. E, agora, a terceira questão que surge, é a de “desvendar” o novo sistema, saber exatamente como funciona, para que se possa realizar o segundo ponto, o diálogo.

A reclamação é que o documento enviado pelo Mec explicando o novo sistema é confuso e cheio de aberturas, necessitando de esclarecimentos. O problema é que não há muito tempo hábil para isso. A decisão das universidades brasileiras deveria ter sido informada ao Ministério na semana passada, mas o prazo foi adiado para o próximo dia 15 de maio.

Aqui na UFMT, o Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão, Consepe, cuja presidente é a reitora Maria Lúcia Cavalli Neder, irá decidir pela adesão ou não ao novo sistema no dia 11 de maio, quando haverá uma reunião deliberativa. A Adufmat, que não tem um representante no Consepe, resolveu realizar um debate e convidou também a reitoria para participar.

No fim das discussões do dia 5, um documento será formulado com o resultado, a opinião dos presentes, o que será encaminhado para o Consepe. “Se tiver que unificar (o vestibular), que unifique. Mas que a decisão seja tomada com base na opinião da maior parte da comunidade”, diz Carlinhos.

De 57 universidades públicas de todo o país, 25 já disseram que aceitam o novo sistema. As outras estão decidindo ou já rejeitaram, como a Universidade de São Paulo, USP, e a Universidade de Campinas, Unicamp, que irão manter seus vestibulares tradicionais.


O ranking

Uma das preocupações fundamentais quanto ao sistema unificado de vestibular, que transformará o Exame Nacional do Ensino Médio, Enem, na prova de seleção para todas as universidades públicas que aderirem, é quanto a um possível prejuízo dos vestibulandos de regiões que possuem índices mais baixos de qualidade de educação. Isso acontece porque cada aluno poderá se inscrever em cinco opções diferentes de cursos e universidades, fazendo a mesma prova. Não passando para a primeira opção, passa para a segunda e assim por diante.

A Adufmat compara os resultados do Enem de 2008 para mostrar como Mato Grosso está em relação aos outros estados. Dentre o resultado das escolas públicas, o Estado está em 13º lugar, com um aproveitamento de 34,7% da prova. Entre o ensino privado, o Estado fica em 17ª posição, com um aproveitamento um pouco melhor, de 50,48%, apesar de cair um pouco na posição.

Dentre os resultados do último Enem por todo Brasil, é possível notar que não se pode ignorar a diferença da qualidade do ensino em cada estado. “O Brasil tem uma grande discrepância curricular”, diz Carlinhos.