O ex-deputado federal Carlos Abicalil (PT) conseguiu vencer a queda de braço que mantinha contra os 11 membros da bancada federal de Mato Grosso e contra o governador Silval Barbosa (PMDB) e emplacou seu afilhado político Wilmar Schrader na Superintendência de Patrimônio da União em Mato Grosso (SPU-MT).
O indicado é ex-assessor parlamentar do petista, que agora ocupa cargo no Ministério da Educação. Conhecido pela alcunha de Faraó, Schrader é acusado de um desvio de R$ 13 milhões durante a investigação realizada pela CPI das ONG's. De acordo com o relatório, o Instituto Trópicos, coordenado por Schrader, recebeu recursos para investir em projetos de saúde indígena em Mato Grosso, mas não prestou contas.
Numa jogada de mestre arquitetada e movida nos bastidores, Abicalil conseguiu derrubar Milton Jorge Fiorenza, que estava no cargo há mais de 30 anos e tinha respaldo da bancada federal e do governador para permanecer no cargo.
O grupo de parlamentares mato-grossenses, liderado pelo deputado federal Wellington Fagundes (PR), chegou a enviar ofício à ministra do Planejamento, Miriam Belchior, alegando que a substituição do engenheiro seria prejudicial para o Estado em razão da descontinuidade dos trabalhos em andamento na SPU, que é responsável pela avaliação dos imóveis da União.
Mesmo assim, os argumentos da bancada, ao que tudo indica, parecem ter sido 'desprezados' pela ministra, que resolveu “reoxigenar” o comando do órgão com a nomeação do indicado de Abicalil. A SPU terá papel fundamental no processo de desapropriação de terrenos e áreas da União para as obras da Copa do Mundo em Cuiabá, além de outras ações de rotina que tramitam no órgão.
Entre esses processos figuram a doação de uma área para construção do hospital universitário Júlio Müller, que servirá para a ampliação da faculdade de medicina, e as desapropriações de áreas (Vila Militar no aeroporto Marechal Rondon e de uma área do Ministério da Agricultura) para o programa de mobilidade urbana.
Segundo apurou o
Olhar Direto, mais de R$ 2 bilhões serão gastos nos processos de alargamentos de avenidas visando a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e nas obras de mobilidade como urbana, como viadutos e alças.
Denúncias
Wilmar Schrader ficou conhecido, em 2008, como Faraó, durante investigação realizada pela CPI das ONG's. De acordo com o relatório, o Instituto Trópicos era coordenado pelo ex-assessor e teria recebido R$ 13 milhões, entre 2001 e 2004, para investir em projetos de saúde indígena em Mato Grosso, mas deixou de prestar contas desses recursos. A verba seria oriunda dos Ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Agrário.
A Controladoria Geral da União chegou a abrir uma tomada de conta especial para investigar problemas em convênios firmados com a ONG coordenada até 2002 pelo assessor responsável pelo escritório político de Abicalil em Cuiabá. De acordo com reportagem do
Correio Braziliense, publicada em fevereiro de 2008, o Instituto Trópicos não deu satisfação do que fez com parte do dinheiro recebido.
Primeira correção às 13h10