Cansados após o período de aula noturna, muitas vezes antecedido por dois de trabalho, estudantes do Centro Universitário Univag precisam enfrentar mais um obstáculo em busca de um diploma: a volta para casa. Os alunos acabam esperando por mais de uma hora por ônibus, que quase sempre passam lotados e outras vezes nem mesmo param para recebê-los. Eles gravaram toda a ação.

Sem conseguir pegar um ônibus até as 23h, horário em que os portões da Univag são fechados, os estudantes precisam sair do campus e esperar pelo transporte nos arredores, em pontos mal iluminados e ermos. Para evitar esse tipo de perigo, um grupo de universitários se viu obrigado a barrar um ônibus da empresa União Transportes que fazia a linha 17, na noite de quinta-feira (6), para conseguirem ir embora.

“Naquele dia, eu cheguei ao ponto de ônibus exatamente às 21h40, quando um ônibus estava saindo do ponto. Então às 22h20 passou outro que nem mesmo parou de tão lotado. O terceiro chegou quase lotado, perto das 23h, e enquanto ainda tentávamos espremer mais algumas pessoas para dentro o motorista já queria sair. Foi aí que não deixamos ele sair”, contou Rafaela Lopes, 23, acadêmica do curso de Gestão e Logística. (Veja o vídeo clicando AQUI)

De acordo com ela, o motorista tentava explicar que não tinha culpa e ligou para um fiscal para pedir um reforço. Mais de vinte minutos mais tarde entrou um ônibus de transporte coletivo municipal da mesma empresa que fazia outra linha, cujo motorista concordou em pegar quem cabia dentro para seguir até o ponto final e, depois, levá-los ao terminal.

Contudo, o problema não terminou aí para algumas pessoas. Vários daqueles que precisam pegar outro ônibus no terminal chegaram muito tarde e perderam o último veículo e precisaram pegar um corujão. Entre eles, a estudante de Educação Física Driele Daniela, 21, moradora do Bairro Jardim dos Estados. “Eu precisei pegar um ônibus que passava na Avenida Júlio Campos (limite do bairro), e de lá fui caminhando até minha casa. E é um lugar perigoso. Eu já fui assaltada lá. Isso não teria acontecido se o ônibus tivesse passado certa na Univag”, lamentou.



A acadêmica Rafaela Lopes ainda contou que, depois deles terem liberado o ônibus intermunicipal, os alunos do outro ponto de dentro da universidade, aos quais ainda estavam sem como ir embora, também seguraram o veículo. “Tem sido complicado. Um dia fecharam todos os portões e tivemos de ir para a avenida. Agora que passou o carnaval e as aulas começaram de verdade eles precisam aumentar a frota. Já pagamos uma passagem cara por ônibus precários. Nós trabalhamos o dia todo, estamos exausto ao fim do dia e temos que passar por isso”, disse.

Outro lado

A Agência Estadual de Regulação (Ager), responsável pela concessão dos serviços de transporte público intermunicipal, através da assessoria de imprensa, admitiu que o problema é grave, mas alegou que não há uma solução instantânea. Isso porque, segundo a Ager, o problema não é a falta de ônibus, mas sim as complicações no tráfego devido às obras de Mobilidade Urbana para a Copa do Mundo.

As obras estariam impedindo os veículos de cumprir os horários, causando, assim, o acumulo de passageiros nos pontos. A situação para os ônibus da linha 17 teria se agravado com a interdição da Ponte Júlio Müller, que obriga o desvio do trânsito para a Ponte Sérgio Motta, rota tradicional da rota universitária.

0800

Ainda de acordo com a assessoria, os alunos da Uivag precisam acionar a Ouvidoria da Ager através do 0800-647-6464. A ligação é gratuita e, em um prazo de 10 dias, o reclamante recebe uma resposta sobre seu pedido, mesmo se negativa.