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Sábado, 27 de abril de 2024

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Incêndio na Prumada Elétrica

Morador do Sunset promete ação e diz que Plaenge “não se responsabiliza por problemas”; veja fotos

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

Morador do Sunset promete ação e diz que Plaenge “não se responsabiliza por problemas”;  veja fotos
O morador do edifício Sunset Boulevard Bruno Castro parece ter perdido a paciência com a Plaenge e prometeu acionar a empresa judicialmente por conta do incêndio que atingiu o prédio no dia 14 de outubro do ano passado. O laudo oficial da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) apontou que a empresa teria usado equipamentos inflamáveis que facilitariam a combustão. Porém, o condômino alega que eles não querem se responsabilizar sobre o acontecido e que a reforma no local está sendo feita com o dinheiro do seguro dos moradores.


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Bruno também contou que os seus dois filhos, que são gêmeos, desenvolveram um quadro crônico de crises respiratórias, por conta da inalação de fumaça no dia do ocorrido. Ainda segundo ele, a empresa não teria feito a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), junto ao Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso).

"Chegou a um ponto em que não tem condições de suportar. Eles tinham prometido entregar a área comum em abril deste ano, porém, estão estimando que só vão conseguir entregar a área comum em dezembro. Meu apartamento é um dos mais destruídos por conta do incêndio na Prumada Elétrica", contou o advogado, que mora no apartamento 1404, ao Olhar Direto.
 
Segundo o advogado, em julho do ano passado, os moradores receberam a informação de que era preciso fazer uma vistoria na prumada elétrica do Prédio. Por conta disto, eles ficaram 48 horas fora de suas casas (no mês de agosto), para que os reparos fossem feitos: “Eu desconfio que isso ocorreu, por força de um incêndio na prumada elétrica no Prédio Leonardo da Vinci em Campo Grande que resultou na morte de uma pessoa, tendo em vista que a nossa planta elétrica e de outros prédios de Cuiabá são semelhantes”.
 
“Após a conclusão do serviço, nos enviaram um comunicado dizendo que repararam a prumada elétrica e que estávamos livres de curto ou incêndio, devendo promover o próximo reparo, seis meses após a execução daquele serviço. No entanto, 2 meses após o recall/reparo na prumada, provocou um curto que gerou um incêndio, trazendo prejuízos materiais e danos à saúde de muitas pessoas”, acrescentou o morador.
 
O pai dos gêmeos ainda lembrou dos momentos de terror que viveu na madrugada do dia 14 de outubro de 2014, quando o incêndio atingiu o prédio: “Nós temos um casal de gêmeos que estavam com 4 meses de idade. Prontamente pegamos toalhas molhadas e enrolamos neles. Ao abrir a porta do apartamento, sem energia, era impossível enxergar para onde ir. A fumaça era preta, densa, ardia muito os olhos e a tosse era imediata. Demoramos um pouco para achar a saída de emergência porque nos faltava orientação pela falta de ar”.
 
“O nosso maior problema é que a prumada elétrica (de onde vinha o fogo e a fumaça) fica na frente da porta de emergência que desce para a escadaria. Fomos apalpando a parede, até encontrarmos a porta de saída e descemos 14 andares com os bebês no colo. Ao chegar no térreo, percebi que os bebês e nós estávamos com muita fuligem no nariz, boca e olhos. Liguei para meus pais e sogros que chegaram e levaram meus filhos para a Clínica Femina junto com outras crianças do prédio”, disse ele.
 
Os bebês tiveram de fazer uma lavagem da via aérea superior, por conta da fumaça inalada. Bruno lembra que a temperatura passava de 100 graus no interior do prédio: “Muitos bombeiros desmaiaram, mas mesmo sem toda estrutura, se arriscaram por nós”. O laudo emitido pela Politec responsabilizou a Plaenge pelos problemas: “Eles não utilizaram material adequado, em desconformidade com as normas brasileiras de construção civil. Tanto na construção do prédio, como na reforma da prumada, utilizaram mangueiras e outros equipamentos inflamáveis que geram combustão”.
 
Os moradores continuam recebendo um auxílio da empresa de R$ 3,5 mil por mês. Porém, Bruno explica que os prejuízos foram muitos maiores que isto: “Ocorre que, no caso da minha família e de muitas outras, perdemos muita coisa, inclusive roupas. É impossível eu alugar um imóvel nesta condição, se não temos berço para os bebês, cama, colchão, geladeira, fogão, forno, enfim, tudo que seja necessário para uma moradia digna”.
 
Por conta dos problemas respiratórios dos gêmeos, a família teve de retornar ao hospital durante 15 dias seguidos: “Estamos com acompanhamento de pneumologistas e pediatras. Eles já tiveram desde o ocorrido, 08 crises de bronquite asmática, o que faz com que percam peso e não desenvolvam com a saúde que tinham antes do incêndio”, informou o advogado.
 
“A Plaenge vem fazendo a reforma com o dinheiro que está sendo liberado pelo nosso seguro do prédio. Ou seja, estão recebendo para refazer. Temos recomendação médica de não voltar a residir no prédio por conta dos resíduos que ficam impregnados no ambiente e no cimento e outros, que podem agravar sobremaneira a crise respiratória das crianças, além de poder ser cancerígeno na opinião de alguns profissionais, a exemplo do que aconteceu com a boate Kiss em Santa Maria”, revela Bruno.
 
Ele ainda acrescenta que a empresa ofereceu R$ 600 mil pelo apartamento para que comprassem outro prédio da Plaenge. Porém, segundo ele, a tabela de venda coloca o metro quadrado superior a R$ 5 mil. Por fim, Bruno classifica o episódio como um trauma imensurável e que até hoje, a família dorme com dificuldades e acorda assustada no meio da noite.
 
“Só nos resta agora judicializar e esperar do judiciário a sensibilidade que o caso requer. Torço ainda, para que ninguém viva uma situação como esta. Por mais simples que seja o seu lar, ele é seu. Quando você sai da rotina repentinamente a nossas vidas mudam drasticamente em trazem prejuízos irreparáveis”, finaliza o morador.

Outro lado

A assessoria de imprensa da Plaenge informou ao Olhar Direto que os próprios moradores e a seguradora contrataram a Plaenge para realizar os reparos no edifício Sunset Boulevard e que o prazo para a entrega da área comum continua sendo o dia 26 de abril deste ano. "A decisão de acionar a Seguradora neste caso foi tomada pelo Condomínio. Devido a isto, os procedimentos do sinistro seguem o fluxo de liberação de trabalho e prazos estipulados pela Seguradora", diz trecho da nota enviada.

"Em relação aos trabalhos de forma individual de cada apartamento, em meados de fevereiro os moradores enviaram a Seguradora os laudos e levantamentos com o orçamento de cada unidade para que fosse definido quais os reparos serão cobertos pela Seguradora, e assim, possam-se iniciar os reparos internos. Até a presente data a Seguradora não se posicionou a respeito dos valores, bem como, quais os reparos serão cobertos", acrescenta a empresa.

Também foi informado que os moradores continuam a receber o auxílio de R$ 3,5 mil. A Plaenge ressaltou ainda que todo o apoio foi dado desde o dia do acidente para os condôminos. Contatada pela seguradora, a empresa começou os trabalhos para reomoção de entulhos e levantamento do que deveria ser feito no local. No início de fevereiro "a Plaenge encaminhou aos moradores o orçamento referente aos reparos de 65 apartamentos, vistoriados - a pedido do Condomínio - por engenheiro civil contratado pela Plaenge em cumprimento a solicitação da Seguradora".

No dia 19 de fevereiro, "em uma nova reunião entre a Seguradora, Condomínio e Plaenge, elegeu a empresa responsável pelos reparos definitivos nos elevadores e deu-se a continuidade ao processo de regulação do sinistro, em relação aos interiores dos apartamentos, para que se libere a execução dos mesmos pelos moradores ou pela Plaenge. Até a data de hoje (18.03) a Seguradora não se posicionou a respeito dos valores e quais os reparos serão cobertos para que se possa iniciar os reparos internos", explica a construtora.

Ainda está previsto a apresentação de um novo projeto paralelo aos trabalhos de restabelecimentos do edifício e a empresa foi  autorizada a projetar uma nova opção de modernização do térreo, e deve atualizar os acabamentos e espaços de lazer. Nesta semana (de 16 a 20/03) encontram-se em execução os seguintes serviços: pintura do teto e paredes da escada; pintura dos halls; finalização de aplicação do gesso no teto e gesso na parede.

Sobre a alegação de que a construtora estaria tentando comprar os apartamentos por R$ 600 mil, a empresa diz que não procurou os moradores para fazer a oferta e sim que o foi ao contrário. Porém, nada disto está sendo negociado agora, já que os trabalhos estão concentrados na recuperação do local. A Plaenge ainda fez questão de enfatizar que não foi considerada culpada pelo laudo da Politec, mas que tem dado todo o apoio desde o dia do ocorrido.
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