O diretor-executivo do Procon Municipal, Carlos Rafael Carvalho, comemorou a decisão da justiça de conceder o direito de meia-entrada no jogo entre Vasco e Flamengo, que acontece no próximo domingo (28), na Arena Pantanal, em Cuiabá. Carlos ressalta que “é um direito do cidadão” que precisa ser cumprido. Mais cedo, o ex-jogador Roni se irritou com os problemas e revelou que o clássico entre Santos e São Paulo, que aconteceria na capital mato-grossense, será levado para outra praça esportiva.

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“Nosso entendimento enquanto órgão é que não existe restrição de meia-entrada. Até porque, o que a gente defende é que tem uma Lei Federal, que foi promulgada em 2013, mas ela precisa de um decreto regulamentador para dizer justamente qual o percentual de meia-entrada que pode ser atribuído, porém ela ainda não foi editada. Então, vale a lei municipal e estadual”, disse ao Olhar Direto o diretor.
 
Segundo Carlos, o ex-jogador foi avisado pelo órgão sobre as leis estaduais, mas mesmo assim continuou a vender os setores prime sem o benefício: “No início das vendas, começamos a receber diversas reclamações, através do nosso aplicativo e também por telefone. Sendo assim, convocamos o Roni e o representante dele, colocamos a situação, demos o prévio aviso e de forma bem amigável mostramos que precisávamos firmar um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) e acordamos que no dia 18, eles voltariam para assinar o termo. Porém, ele não apareceu no dia combinado e por volta das 14 horas, protocolou um documento dizendo que não irá aceitar o termo”.
 
O diretor revela ainda que os fiscais estiveram em diversos pontos de venda em Cuiabá e Várzea Grande atuando as empresas, já que constataram várias irregularidades a respeito de ingressos para meia-entrada, idosos e PNEs (Portadores de Necessidades Especiais). “Não adianta querer comparar um jogo de futebol com um evento como o Villa Mix, por exemplo, que é totalmente diferente. A estrutura da Arena Pantanal já tem o setor de camarote. O que ele fez foi fechar todo o anel inferior Leste e Oeste, entregando água e refrigerante e chamando de área prime”, acrescentou o Carlos.
 
“Pense comigo. Um casal que vai ao estádio com dois filhos. Se eles forem neste setor, terão de pagar cerca de R$ 700, sendo que os filhos tem o benefício da meia-entrada. A única opção deles é ir para a parte superior, ou então para os setores Norte e Sul, onde ficam as organizadas. Já os PNEs, como vamos fazer? É muito difícil você leva-los para os setores superiores por conta da mobilidade”, reiterou Carlos.
 
O diretor compara ainda a situação na Arena Pantana com outros estádio pelo país, como o Maracanã: “La existe o setor prime, que não é todo o setor inferior fechado, eles reservam um quadrado, um espaço dentro do setor. O maracanã cobra R$ 120 a inteira e tem a meia entrada. E eles ainda oferecem um serviço completo de buffet. O cara faz evento no maracanã, lá ele cumpre e aqui sabe que tem leis que falam sobre este assunto. Manejamos o recurso correto, ganha o torcedor cuiabano e os direitos sociais”.
 
Reembolso
 
Para os torcedores que compraram o ingresso e tem direito a meia-entrada, Carlos recomenda que “guarde o comprovante de que fez a compra. No dia do jogo, esse ingresso terá o canhoto que ficará com o cliente. Depois, o torcedor tem que procurar o Procon para que um procedimento administrativo seja formalizado e as empresas sejam notificadas para devolver o valor cobrado a mais. O lucro jamais pode se sobrepor a estes direitos. Antes, o consumidor não tinha direito de escolha”.
 
Por fim, foi dito que equipes da Delegacia de Defesa do Consumidor estarão no estádio acompanhando e fiscalizando o atendimento no setor prime da Arena Pantanal, mesmo com a meia-entrada: “Vamos analisar se o número de pessoas atendendo é suficiente e se os produtos não irão faltar. Se eles estão vendendo um setor prime, tem que oferecer um serviço ‘super prime’”.
 
Irritação
 
O empresário e ex-jogador Roni, responsável por trazer diversos jogos do Campeonato Brasileiro para a Arena Pantanal, se irritou com o Procon, por conta da obrigação de ter de cobrar a meia-entrada nos setores Leste e Oeste inferiores, que são open bar. Em entrevista exclusiva ao Olhar Direto, o empresário revelou que o clássico entre Santos e São Paulo, que aconteceria na capital mato-grossense, será levado para outra praça esportiva.
 
“O que mais a gente fica chateado, é que o argumento está sendo usado só para o nosso jogo. Vários eventos prestam esse tipo de serviço e não tem meia-entrada e o Procon não faz nada. Já que querem que todos setores sejam meia-entrada, tem que mudar a Lei. Eles estão querendo nos obrigar a vender meia-entrada por um serviço que fazemos a mais para o torcedor, diferenciado”, disse o ex-jogador.