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Quinta-feira, 09 de maio de 2024

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Incentivado por professores, aluno se destaca nas artes plásticas

Foto: Aline Coelho - Assessoria/Seduc-MT

Incentivado por professores, aluno se destaca nas artes plásticas
Um menino pobre, vivendo em uma comunidade rural e que pouco frequentava a escola devido a rotina difícil. O acesso a cultura e ao lazer era “coisa de TV”. Essa poderia ser apenas a história de um jovem sem perspectiva em algum canto do país se não fosse a vontade de duas professoras, Eva e Jonira, de mudá-la. O nome do menino é Henrique Magalhães Soares, “o artista do EPA”, a Escola Estadual Professor Antônio Epaminondas. 


Natural de Capoeirinha, comunidade rural do Distrito de Mimoso (119 KM de Cuiabá), o jovem de 18 anos, está há quatro anos em Cuiabá e é aluno do 2º ano do EPA. Henrique intercala as atividades escolares com a pintura. Sobre as telas ou o papel canson – específico para pintura – o estudante colore elementos da fauna e flora mato-grossense com tinta óleo. 

“Henrique veio do interior, tímido, tinha dificuldade de comunicação, com o ensino ciclado foi enviado para o 8º ano. O menino apresentava conflitos em casa e com os colegas. Por isso, a escola começou um trabalho integrado, com auxílio psicológico”, conta a professora de matemática, Eva Pereira Coutinho. 

O isolamento do convívio social e a concentração do menino nos desenhos chamaram a atenção. Assim a professora Eva identificou que ele tinha uma habilidade que precisava ser estimulada. O atendimento multidisciplinar também envolveu a família, a partir daí o padrasto passou a patrocinar as atividades artísticas de Henrique. 

“Eu sempre desenhei com grafite preto, aí meu padrasto comprou três pinceis, tintas e uma tela pequena onde pintei um tucano, achei desproporcional e joguei no lixo. Mas ele continuou me incentivando, pagou um curso em um ateliê onde aprendi as primeiras técnicas e eu voltei a pintar”, conta o jovem artista. 

A professora de matemática continuou estimulando o aprimoramento do menino e o incentivou a trabalhar com um estilo próprio “criar uma assinatura”. Henrique Soares conta que começou a imaginar a obra antes de executar, e percebeu que gostava de trabalhar com elementos reais, reproduzidos de maneira fantasiosa. 

Muitas vezes, a inspiração vem de fotos do pantanal mato-grossense ao que ele sempre adiciona novos elementos. A partir daí vai colorindo e, para ele, quanto mais cores na tela melhor. 

A professora de Língua Portuguesa e Literatura, Jonira Fátima Gonçalves de Sá Carvalho, leciona há 10 anos no EPA e 22 atuando como professora, conheceu o menino no 9º ano. Ela conta que como Henrique conheceu muitos alunos e histórias e sempre trabalhou no desenvolvimento das habilidades. A educadora cita que no caso de Henrique, por exemplo, ele se destacava em meio a uma turma de adolescentes agitada, sempre desenhando, rascunhando, muito calado. 

Percebendo a postura da professora - que no dia a dia ensina os alunos a apreciar a cultura e “ler” uma obra de arte-, o estudante mostrou a pasta com acervo, o que a deixou admirada. A professora de literatura passou então a trocar com o garoto produtos como telas e pincéis por pequenas obras, permutas que também são feitas com colegas. A diretoria da escola também conseguiu uma doação de materiais com uma papelaria da região. 

Mais solto, Henrique conta que hoje, gosta de mostrar o trabalho aos colegas e professores, mas a primeira a conferir as obras é a mãe, cozinheira em uma empresa privada. 
E a inspiração? Vem de artistas da terra, claro. Adir Sodré, Nilson Pimenta e Túlio Fernandes estão entre os preferidos. O último é professor do jovem em um curso realizado na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). 

“Ele me ensinou novas técnicas, como as de pintura de fundo, misturar as tintas e ver a disposição certa dos desenhos. Isso me ajudou a ficar mais confiante com o meu trabalho, e sinto orgulho quando encomendam ou elogiam”, comemora Henrique. 

A professora Eva relata que o desempenho escolar do jovem artista melhorou muito após o investimento na pintura. Então, hoje, a comunidade escolar se orgulha em ter um talento como Henrique entre os alunos. “Procuramos colaborar para que os dons dos alunos sejam aflorados, e quando isso acontece, faz muito bem para todos, em especial dos profissionais que contribuíram diretamente para esse desenvolvimento”, finaliza a professora Eva Coutinho. 
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