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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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Paciente renal crônica, mãe se apega aos filhos para manter tratamento

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Paciente renal crônica, mãe se apega aos filhos para manter tratamento
Em julho de 2014, quando foi diagnosticada com um problema crônico nos rins, a dona de casa Clarisse Oliveria, 45, sentiu o mundo desabar sob sua cabeça. Desestabilizada pela doença e apavorada pelo tratamento, perdeu a vaidade, percebeu a tristeza chegar e desesperançou de si mesma. Como mãe, somou as dores físicas ao sofrimento da despedida, vendo o filho mais velho, a época com 24 anos, sair de casa em busca de uma vida melhor. Acamada, entregou-se ao desanimo, retomando a alegria nos olhos somente quando o primogênito, por amor a ela, abriu mão da vida em Curitiba e voltou para completar a família.


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Além dele, Clarisse também tira forças do marido, com quem é casada há 17 anos, da filha, de 23, e da mãe,  para manter-se firme na hemodiálise. O processo, destinado a pacientes renais crônicos, realiza por meio de uma máquina a função que os órgãos não desempenham mais. “No início pensei que o mundo tinha acabo pra mim. Eu não queria acreditar, fui a vários médicos para ouvir a mesma coisa. Quando vi como seria o tratamento, com aquela máquina, me tranquei no banheiro do hospital e fiquei lá chorando. Precisei voltar umas três vez até ter coragem pra começar.”

Temor que se justifica pela agressividade aparente do método, no qual as veias do braço ou pescoço do paciente são conectadas por espessos condutores ao aparelho, criando nestas regiões cicatrizes chamadas fístulas. Em geral o procedimento é realizado três vezes por semana, por cerca de três horas por dia, e exige uma mudança radical nos alimentos alimentares. Diante desta nova realidade, a dona de casa chegou a pedir que o marido fosse embora, deixando também de sair e se divertir. “Achei que não fosse prestar pra mais nada”, diz.



A retomada veio quatro meses depois, quando percebeu que poderia viver normalmente. Mais animada, colocou junto com a maquiagem um sorriso no rosto, conciliando suas atividades ao tratamento, no Hospital Geral. De acordo com ela, há um momento em que se aceita esta condição, mesmo se conformação, e por isso hoje é capaz de fazer tudo normalmente, sem depender de ninguém. “Só lembro que estou doente quando olho pros meus braços mesmo, se não, é tudo normal.”

Bem humorada, conta que a volta do filho foi determinante para sua recuperação, e que agora, não desgruda dele.  “Aonde meus filhos vão eu vou também. Minha filha já é casada, então saio com ela e com meu genro. E agora que meu filho voltou, ele me leva no shopping, em shows no parque de exposições, baile. Às vezes ele está com a namorada, mas eu nem ligo, mesmo se for de vela eu vou. Quando ele estava longe, eu sempre ligava chorando. Dizia que ia trazê-lo de volta na base da chantagem”, brinca.

Tratamento e autoimagem

Na última quinta-feira (8), ela participou de uma das atividades da unidade onde faz hemodiálise. Na ação, desenvolvida pela equipe de psicologia e assistência social do hospital, cerca de 90 pacientes foram maquiadas e passaram por intervenções estéticas que realçaram sua beleza e, para muitas, devolveu o apreço por si mesmas.

De acordo com a psicóloga Carla Campos, o projeto foi realizado em parceria com alunas do curso de estética e com uma empresa de venda de cosméticos, tem como proposta é humanizar ao máximo o tratamento. “Queremos mostrar, por meio de atitudes pequenas, caminhos para que elas possam retomar a autoestima e levar a vida da melhor forma possível. Nosso papel é mostrar que estamos aqui, entendemos suas angústias, e que podemos ajudar.”
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