Os senadores Wellington Fagundes e Cidinho Santos, ambos do PR, criticaram a decisão da Noruega em reduzir a ajuda para o Fundo Internacional da Amazônia, anunciada na semana passada pela ministra Erna Solberg, durante visita do presidente Michel Temer àquele país. O posicionamento foi feito durante o debate da Comissão de Meio Ambiente do Senado para constituição do Fórum Parlamentar Amazônico realizado nesta terça-feira (28).

Nos últimos dois anos o Brasil perdeu cerca de R$ 196 milhões em repasses sob a alegação de que houve aumento do desmatamento. No entanto, os senadores destacaram que Mato Grosso, mesmo figurando como o maior produtor de grãos, possui 60% de território preservado.

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“Não se preserva a Amazônia com isolamento. Muitas vezes, lá fora, não se sabe o tanto que a Amazônia brasileira é preservada”, afirmou Fagundes, que é líder de um bloco moderador composto por cinco partidos, e que articula a criação de uma frente parlamentar que deverá debater prioritariamente o gerenciamento do Fundo da Amazônia, a cargo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O Fundo da Amazônia é administrado pelo BNDES e financia atualmente 89 projetos na região, capitaneados por ONGs (Organizações não governamentais). Apenas uma pequena parte desse recurso é destinada ao Ibama.

A Noruega já transferiu US$ 1,1 bilhão para o Fundo desde sua criação, em 2008. No entanto, no ano passado, os recursos doados caíram para US$ 97 milhões. A Alemanha anunciou que também deverá seguir o mesmo caminho da Noruega e suspender a ajuda, segundo mensagem do negociador de mudança climática, Karsten Sach.

O senador Cidinho Santos destacou, ainda, que o país é um dos principais exploradores das riquezas da Amazônia.

"A Noruega é acionista majoritária da mineradora Norsk Hydro, que comprou ativos da Vale S.A. e explora, desde 2010, minas de bauxita na Amazônia para a produção de alumínio. Ora, se os noruegueses podem explorar as riquezas da Amazônia, com as devidas licenças e contrapartidas ao meio ambiente, porque os brasileiros não poderiam?".

Cidinho reiterou que não defende o desmatamento desenfreado na Amazônia e que confia no Código Florestal, uma das legislações ambientais mais modernas e completas do mundo.

"Temos confiança que o governo brasileiro conseguirá reduzir os índices de desmatamento conciliando com o crescimento econômico e com a geração de emprego", concluiu.

Presidente da Frente Parlamentar de Logística de Transporte e Armazenagem (Frenlog), Fagundes destacou que vem trabalhando pelas iniciativas de infraestrutura na região, principalmente no Estado do Pará. 

"O que é solução para o Pará é solução para Mato Grosso e para o Brasil", disse. Ele citou como exemplo a BR-163 e a viabilização do chamado Arco Norte da Logística, especialmente com o desenvolvimento da rede portuária.

"Se não fosse do Porto de Miritituba o que seria de Mato Grosso e da BR-163 indo para São Paulo e também a BR-364?", questionou, ao citar as mortes que ocorrem em função dos acidentes frontais pelo excesso de tráfego. Segundo Wellington, a BR-163 "não comporta volume de cargas" de Mato Grosso.

Ele também defendeu a viabilização da Ferrovia Ferrogrão, observados os eventuais impactos ambientais e o desenvolvimento socioeconômico da região e voltou a defender medidas que possam viabilizar a extensão dos trilhos da ferrovia que se encontra parada em Rondonópolis, no Sudeste de Mato Grosso.

"Nós queremos que essa ferrovia prossiga, chegue a Cuiabá e vá até o Norte do Estado, encontrando com a Ferrogrão", explicou o senador.