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Sexta-feira, 03 de maio de 2024

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JURUENA VIVO

Festival reúne povos indígenas, agricultores e organizações em discussões em prol das causas socioambientais

Foto: Foto: Divulgação

Festival reúne povos indígenas, agricultores e organizações em discussões em prol das causas socioambientais
Com o tema "Fortalecendo a luta e tecendo conexões pela vida", o 9º Festival Juruena Vivo marcou integração de povos indígenas, agricultores rurais, pesquisadores, movimentos e organizações socioambientais em importantes discussões. O evento reuniu cerca de 300 pessoas na Aldeia Tatuí, na Terra Indígena Apiaká/Kayabi, em Juara, durante quatro dias, de 22 a 25 de setembro.


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Organizado pela Rede Juruena Vivo, o Festival tem como objetivo celebrar as potencialidades da região e unir as pessoas para a defesa da integridade da Bacia do Juruena. Entre os apoiadores do evento está o Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad), rede composta por mais de 30 entidades socioambientais do estado.

Para o cacique da Aldeia Tatuí e presidente da Associação Indígena Kawaiweté, Kawaip Katu Kayabi, o Festival é um importante momento de discussão para a comunidade que vem buscando mais parceiros para contribuir com demandas locais. Atualmente, vivem na aldeia mais de 530 pessoas de 108 famílias.

"Temos várias lutas e direitos a serem conquistados pela frente. Por isso, precisamos da comunidade mais unida e em contato com nossos parceiros. A Aldeia Tatuí está sempre de braços abertos para receber indígenas e não indígenas nessa luta", disse o cacique.

Aberto oficialmente na quinta-feira (22), o 9º Festival Juruena Vivo foi "ganhando cara" aos poucos com a chegada de participantes de diversos pontos de Mato Grosso, de outros estados e até de fora do país. De carro, ônibus e barco, povo indígenas, pesquisadores, estudantes e representantes de movimentos e organizações sociais, chegaram até a Aldeia Tatuí para dias de conhecimento, trocas de experiências, conscientização e muito diálogo.

No primeiro dia, marcando o início das atividades, foram realizadas apresentações culturais de povos indígenas presentes. Entre eles, os Apiaká, Kayabi, Enawene Nawe, Munduruku, Tapayuna, Rikbaktsa, Pareci e Nhambiquara, que aproveitaram o momento para demonstrar suas danças, pinturas e cantos tradicionais. A noite foi encerrada com o Cine Juruena e a exibição de produções audiovisuais assinadas por indígenas e organizações. Entre os vídeos esteve o que conta a história do povo Kayabi, sua trajetória de resistência e luta pelo território.



Mesas abordam impactos de hidrelétricas e importância da agroecologia

A sexta-feira (23) foi marcada por debates importantes com uma análise de conjuntura sobre empreendimentos na sub-bacia do Juruena e o caso da Usina Hidrelétrica Castanheira, apontada como uma das mais perigosas para a região. A coordenadora do Programa de Direitos Indígenas, Política Indigenista e Informação à Sociedade da Operação Amazônia Nativa (Opan), Andréia Fanzeres, trouxe o alerta sobre o crescimento de projetos de hidrelétricas ao longo do Juruena.

Segundo um levantamento da entidade, de 2014 a 2022, o número saltou de 60 para 172. O avanço destes empreendimentos, de acordo com Andréia, representa riscos ao meio ambiente, às práticas culturais dos povos indígenas, além de desrespeitar essas pessoas que sequer foram consultadas a respeito dos projetos.

"Pelo menos 70% dessas usinas não existem, só estão no papel. Temos 20% delas em operação, ou seja, há um grande caminho para resistirmos. Notamos que durante a pandemia, foram muitos projetos planejados, aprovados e licenciados. Isso precisa ser destacado!", afirmou Andréia.

A produção orgânica também foi tema do Festival com a mesa "Intercâmbio de experiências da agroecologia", mediada por Rodrigo Marcelino do Instituto Centro de Vida (ICV), com a presença de integrantes da organização e a estudante de Agronomia, Edilza Munduruku, do Tapajós (PA). Professora aposentada da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), campus Sinop, Maria Ivonete de Souza, espalhou sementes durante sua apresentação, reforçando a importância do cuidado para a preservação ambiental e saúde.

Água pela vida, não pela morte!

Entre as últimas atividades do 9º Festival Juruena Vivo, um ato simbólico à beira do Rio dos Peixes, no sábado (24), resgatou algumas das lutas históricas de povos indígenas na defesa de seus territórios e em respeito à natureza. Saindo da parte central do evento, os participantes caminharam silenciosamente até às águas para reverenciar a importância dos rios não só para os povos tradicionais, mas para todos. Durante o ato, lideranças indígenas se emocionaram ao relembrarem de seus ancestrais. Além do ato, anciões lembraram da união dos povos indígenas em 1985 para barrar um projeto de construção de uma Hidrelétrica num dos saltos sagrados do povo Kayabi.

Ali, às margens do Rio dos Peixes, todos se reuniram em roda para cantar, homenagear e celebrar a beleza das águas e a importância da preservação de territórios para povos do Juruena. "Água pela vida, não pela morte!", gritaram todos pedindo menos hidrelétricas e mais cuidado.

O evento foi encerrado no domingo (25) com o torneio de futebol feminino e masculino, além das últimas vendas de itens de artesanato e trocas de sementes na Feira Comunitária de Saberes e Sabores, uma das tradições do Festival Juruena Vivo. A próxima edição do evento deve ser decidida em plenária realizada ainda este ano. 
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