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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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GRAVAÇÃO APONTA

Ex-servidora recebeu oferta de emprego no gabinete de Juca para não ‘delatar’ esquema; deputado diz que teve nome usado

Foto: Emanoele Daiane

Ex-servidora recebeu oferta de emprego no gabinete de Juca para não ‘delatar’ esquema; deputado diz que teve nome usado
Para que não fosse "delatado" sobre os supostos esquemas de corrupção na Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o prefeito afastado Emanuel Pinheiro (MDB) teria ordenado que assessor arrumasse emprego para investigada pela Polícia Federal e seu marido. Entre as opções, foi ofertado uma vaga em uma emissora de TV ligada ao emedebista, assim como um cargo no gabinete do deputado estadual Juca do Guaraná (MDB), que assumiu mandato em fevereiro de 2023.


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O apontamento foi trazido no relatório técnico elaborado pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (DECCOR), que embasou o pedido do NACO Criminal para o afastamento do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), apontado como líder de organização criminosa montada para “drenar” os cofres da capital. Tal requerimento foi atendido pelo desembargador Luiz Ferreira, do Tribunal de Justiça (TJMT), que afastou o emedebista por seis meses (180 dias).

A investigada em questão é Mhayanne Escobar Bueno Beltrão, alvo da Operação Curare, da Polícia Federal, em agosto de 2021. Após a investigação ser deflagrada, a investigada se sentiu prejudicada, perdendo financiamento da casa que havia comprado, assim como não conseguindo mais um emprego.

O prefeito teria ordenado que Gilmar de Souza Cardoso, assessor executivo da Secretaria Municipal de Governo, procurasse Mhayanne para garantir que ela e seu marido não ficariam desamparados, já que na deflagração da operação, o juiz federal Jeferson Schneider, da 2ª Vara Federal de Mato Grosso, determinou o bloqueio das contas de todos os alvos.

Na época que foi afastada, Mhayanne era responsável pela gestão de controladoria no setor de licitações e compras da Empresa Cuiabana de Saúde Pública (ESCP), que chegou a ser comandada por Célio Rodrigues da Silva, antes de ser escolhido para comandar a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

A conversa, realizada no dia 29 de novembro de 2022, foi gravado pela ex-servidora e encontrada pela Polícia Civil, na deflagração de outra operação, a Cartão Postal, que apurou esquema similar na Saúde de Sinop (500 Km de Cuiabá). Na ocasião, Gilmar disse que tentava um emprego para Mhayanne em uma emissora de TV comandada por um homem chamado Germano. “Tava vendo pra você com esse Germano aí, lá na TV dele, fica bem acima do escritório da LOGLAB, ali na Avenida do CPA(...)”.

O assessor ainda relatou que estavam envolvidos na campanha de Juca, eleito dias antes da conversa com a ex-servidora, e que tinha uma vaga no gabinete do ainda presidente da Câmara de Cuiabá. “Nós envolvemos na campanha do Juca, tanto eu como ele (...) e na Assembleia você pode ser contratada?”, questionou. Com a resposta positiva de Mhayanne, o assessor continua: “Na Assembleia, ano que vem eu tenho uma vaga com o Juca”.

Ao Olhar Direto, Juca do Guaraná afirmou desconhecer o nome de Mhayanne e que pode ter tido seu nome usado. Disse ainda que é normal eleitores pedirem emprego em seu gabinete, mas que, neste caso, em momento algum recebeu pedido para que nomeasse alguma ex-servidora da prefeitura, sob orientação de Gilmar Cardoso ou Emanuel. De fato, o nome da investigada não consta na folha de pagamento da Assembleia Legislativa. 

Cobrança de Emanuel

Gilmar relatou que além de determinar um emprego para o esposo da ex-servidora, Emanuel cobrava que Célio deveria garantir um salário a Mhayanne em alguma das empresas que administrava – utilizadas no suposto esquema em contratos com a Pasta -, até que ela conseguisse se livrar das acusações.

 “O prefeito está preocupado e o prefeito cobra isso do Célio, era para o Célio colocar você em uma situação, dar um salário por essas empresas aí, até você resolver sua situação jurídica, porque uma hora vai ter que resolver. Ele tem obrigação de fazer isso”, afirmou Gilmar na conversa.

Conforme a DECCOR, a declaração sugere conhecimento da existência das empresas utilizadas pelo grupo para operacionalizar os contratos da Saúde. “Segundo o que Gilmar diz, o próprio prefeito, por meio de Célio, orienta a utilização do que ele chama de ‘essas empresas aí’ para dar suporte às necessidades escusas do grupo. Primeiro, o termo ‘essas empresas’ no contexto da gravação eram, sem sombra de dúvidas, as empresas investigadas. O segundo ponto, é que o suporte almejado para Mhayanne e seu esposo, ao que tudo indica, tem por objetivo deixá-la ao lado do grupo político e não ‘abrir a boca’”.

O assessor da Secretaria de Governo ainda orienta Mhayanne a despistar a Polícia Federal, que durante a operação havia pegado o celular da ex-servidora. Segundo ela, os agentes estariam pedindo para que entregasse o esquema na SMS.

Mhayanne ressaltou que só faziam o que mandavam, gerando preocupação de Gilmar e um terceiro citado com apelido de “Jota” e que estava no local. A dupla afirmou que ela não deveria falar isso. “Fala o seguinte: eu respeito você, delegado, polícia, quem for, mas medo não tenho”.

Atualizada às 14h16
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